Rossandro Klinjey é palestrante, escritor e psicólogo clínico. Autor vários de livros, é consultor em temas relacionado a comportamento, educação e família, além de colunista da Rádio CBN. Foi professor universitário por mais de dez anos, quando passou a se dedicar à atividade de palestrante
Tem se falado muito das mudanças que a pandemia traz consigo e do quanto isso transformaria o olhar e o agir das pessoas. Muitos mudarão, sem dúvidas, mas também é fato de que muitos permanecerão estacionados no mesmo lugar, pois ainda que a vida tenha mudado sempre haverá os que se recusarão a aprender e crescer com o processo. E por que isso ocorre? Porque apesar da realidade de que tudo muda, o crescimento é sempre uma opção de cada um, e nem todos optam pelo crescimento. Quando deslocamos um pêndulo do seu centro, ele vai e vem até o momento em que retoma o equilíbrio e volta ao seu estado natural. Assim, são as idas e vindas da vida, muitas delas carentes de sentido, mas que podem ser comparadas a um pêndulo em movimento. A gente vai e vem, até o momento em que retorna ao centro e para no mesmo lugar, sem que isso tenha gerado sequer um centímetro de avanço. Nenhuma mudança efetiva ocorre sem que o indivíduo aja como protagonista e, mesmo aquelas que não foram provocadas por nós, necessitam de decisão pessoal para que possamos aproveitar o evento e crescer, ainda que seja em meio às dores do parto que o novo e a mudança costumeiramente trazem. Os empurrões que recebemos dos episódios imprevistos da vida ou mesmo das pessoas ao nosso redor, nos deslocam um pouco do lugar, mas o poder de decisão em ir adiante ou voltar para o mesmo lugar nos pertence. É preciso entender as razões que nos motivam a mudar, porque mudanças sem continuidade e vazias de sentido, não nos levam a lugar nenhum. Para nos ajudar nesse processo é preciso realizar um diagnóstico do que nos move adiante e do que nos provoca resistências à mudança. Pois apenas desse modo, construiremos em nossa vida uma cultura de aprendizado mais favorável ao crescimento pessoal. Mas, qual o primeiro passo nesse processo? Por mais incrível que possa parecer, é o de aceitação da mudança. Muitos se recusam ou tentam, desesperadamente, impedir o fluxo dos acontecimentos, na vã ilusão de que poderão evitar que as mudanças ocorram em sua vida pessoal, nos negócios ou nos relacionamentos. Esse movimento de resistência é doloroso e infrutífero. Então permita que a mudança se desdobre enquanto você tenta entender o que está sendo transformado e o por quê. Por mais conturbados que sejam os eventos, só assim você terá força e foco para identificar o que depende de você para mudar, o que você terá que aceitar e quais adaptações serão necessárias na sua vida. Além disso, se prepare, pois o fluxo das mudanças será cada vez mais constante. Elas irão ocorrer rapidamente e sem aviso, por mais que você deseje que elas não aconteçam. Por isso, não adianta negar nem resistir, apenas se adaptar e prosseguir. É assim, aceitando e acolhendo a mudança que nos capacitamos para aprender as lições que ela nos traz, e que nos torna mais experientes e mais fortes. Viver e abraçar as transformações se constitui num grande gesto de sabedoria, e o primeiro ganho que temos ao fazer isso é recuperar a paz interior. E é sempre bom lembrar que nunca temos paz quando resistimos ao inevitável. Além da paz, aceitar as mudanças nos torna flexíveis. De modo que quando a vida vem no seu turbilhão de transformações ou em seu tsunami de acontecimentos, podemos até ser sacudidos de um lado para o outro, mas não vamos nos quebrar, já que nos dobramos diante do inevitável. A mudança, por fim, não é um capricho da vida que teima em nos torturar, nem mesmo uma inimiga a ser combatida. Ela é tão somente uma mestra cheia de lições a espera de alunos que, humildemente, estejam dispostos a aprender.
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