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Turismo histórico, a experiência profunda do lugar
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Historiador, pesquisador, escritor, editor do O POVO.Doc e ex-editor de Opinião do O POVO

Turismo histórico, a experiência profunda do lugar

Turismo histórico e experiência sensorial são refletidos como construção dos saberes e condutor de identidades
Tipo Análise

Com a pandemia, grande parte do mundo repensou hábitos, necessidades e prioridades até então normatizados pela rotina ou impulsos superficiais das importâncias reais na vida pessoal, profissional e do planeta.

Meses de isolamento e distanciamento social, responsável e necessário, tornou a experiência de viajar, quando for possível, um dos desejos mais aguardados daqueles que buscam a liberdade do movimento e o desafio de novos saberes e horizontes.

O verbo viajar é uma vivência, profunda e repleta, de experiências sensoriais que se propõem a agregar múltiplos saberes a quem se compromete a ‘mergulhar’ além das obviedades do sair ao mundo. As possibilidades e opções são inumeráveis e diversas, algumas delas: turismo ecológico, turismo literário, turismo gastronômico, turismo de aventura, turismo da melhor idade e, aqui chegamos ao tema da coluna, turismo histórico.

" A percepção histórica estuda a vida, em seu sentido mais amplo e integrado." Sérgio Falcão, historiador

Antes de seguir na análise do turismo histórico, cabe uma breve reflexão histórica. A História é mais que monumentos e datas decorados em livros didáticos, tal visão é limitadora, enfadonha e enganosa. A percepção histórica estuda a vida, em seu sentido mais amplo e integrado, sua atuação nos acontecimentos e ambientes do passado e do presente desde os grandes ou menores eventos como seus personagens de maior e menor participação, assim como as múltiplas expressões da sociedade global.

Voltemos. O turismo histórico vai além do cartão postal, busca a gênese da formação e permanências das pessoas que ali moram com a colaboração das antigas gerações que participaram direta e indiretamente, responsáveis pela construção do imenso caldeirão de saberes que cada lugar traz e o torna singular neste planeta.

No poema “O rio da minha aldeia”, o poeta português Fernando Pessoa traz aguda reflexão sobre a beleza e particularidades dos espaços mais conhecidos e das pequenas localidades. Numa sociedade globalizada cada vez mais repleta de uniformidades, a ressignificância do localismo traz novos olhares e reflexões da valorização do que temos de essência, singular, única e identitária.

Do mundo que virá e está sendo reinventado na esperança da plenitude da vida pós-pandemia proponho o exercício do redescobrimento do Brasil, desta vez, de forma sustentável, responsável e respeitosa com os povos originários.

O Brasil é um país que possui peculiaridades e grandes riquezas históricas, culturais e humanas em suas várias regiões. O Nordeste é onde o Brasil é mais Brasil, a empatia e acolhimento de nossa gente é o traço marcante que conduz às variações turísticas de uma região rica historicamente na construção da nação brasileira.

Existe um fio de identidades muito marcante que costura semelhanças e diferenças nos nove estados que representam a alma nordestina. Trata-se de um bom desafio perceber e aproveitar o que lhes une e singulariza. Todos os caminhos do mapa histórico-emocional do Nordeste são bem vindos, o importante é partir com a proposta da descoberta do Brasil real.

Para principiar, permitam a ousadia, os convido iniciar pelo Ceará. Terra da Luz, terra de encantos, sabores e muita História. Terra de Dragão do Mar, Rachel de Queiroz, Belchior, José de Alencar, Patativa do Assaré, Silvero Pereira, Alemberg Quindins, Fausto Nilo e de tantos Josés, Marias e Antônios que fazem morada e histórias.

Noutra coluna aprofundarei os caminhos históricos que o Ceará oferece, são tantos que merecem um espaço exclusivo e demorado para que, também e principalmente, os próprios cearenses se apropriem devidamente da própria História.

Foto do Sérgio Falcão

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