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Futebol é para todos: grandes e pequenos do futebol
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Futebol é para todos: grandes e pequenos do futebol

Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, em discurso na sede da entidade (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Foto: Lucas Figueiredo/CBF Presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo, em discurso na sede da entidade

Dentro do quarto, ouço o barulho dos motores. Corro para a janela e vejo o vai-e-vem das motocicletas. É uma corrida de quem chega primeiro. Qualquer dia um ocorre um acidente. Os mais rápidos ganham mais dinheiro porque entregam num menor espaço de tempo.

É a "uberização" das relações de trabalho que vão se multiplicando. Ela expõe as fragilidades que sobraram para os trabalhadores após a reforma trabalhista de 2017. Vão se acentuando a informalidade, o subemprego, a exploração da mão de obra e as faltas de garantias.

A Varjota, onde moro, tem seus bares e restaurantes. Quando o lockdown é decretado, aumenta o número dos entregadores a domicílio. Mantenho a distância e uso máscara, conforme as orientações, mas vez por outra sou abordado por um desses trabalhadores.

Tem uns que dizem que gostariam de continuar jogando futebol. Pergunto porque não continuam e a resposta vem como se estivessem chutando uma bola de bate-pronto: "Não dá porque os campeonatos estaduais têm curta duração e só assinam a carteira por três meses".

É vero! A CBF, através de um processo de elitização, fortalece as competições promovidas por ela e enfraquece as competições estaduais. Consulto o site oficial e procuro o cadastro de registro de clubes profissionais. Não encontrei nada.

Em busca de dados, vasculho o Google e encontro uma publicação de 2016, da Globo. O site informa a existência de 870 clubes filiados à CBF e dá um prazo de dois anos para os clubes se organizarem.

Daí para frente não tenho mais dados, mas como são uns 100 clubes que participam das competições promovidas pela CBF, sei que o resto participa durante três meses do Campeonato Estadual e passa o resto do ano parado. Se quiser manter o clube em atividade, um jogo aqui outro acolá.

Os grandes alegam que os Estaduais são deficitários. E daí? Joguem o campeonato com suas divisões de base ou time misto, o que não se pode é gerar desemprego em massa e também extinguir dezenas de clubes.

A CBF, entidade jurídica de direito privado, mas que lida com um bem nacional, tem de voltar seus olhos para esse absurdo. Até porque sua tentativa de elitizar o esporte é uma bobagem. O futebol é uma expressão maior dos brasileiros e assim deve ser tratado.

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