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Luisinho: do bairro Vista Alegre às Arábias
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Luisinho: do bairro Vista Alegre às Arábias

Menino de talento evidente, Luisinho passou por Flamengo, Fortaleza, Ferroviário, Remo e Paysandu sempre com muita qualidade. Faleceu cedo, aos 31 anos, em Belém
Tipo Opinião
Luisinho das Arábias teve passagens marcantes pelo Fortaleza (Foto: Edson Pio / Acervo O POVO)
Foto: Edson Pio / Acervo O POVO Luisinho das Arábias teve passagens marcantes pelo Fortaleza

Passei a infância, adolescência e juventude num local chamado Vista Alegre. O bairro tinha a forma de um retângulo. Duas ruas horizontais. Uma delas, na parte superior, era a rua um. A outra, na parte inferior, era a dois. Onze ruas paralelas e verticais faziam esquinas com as duas.

O nome foi dado em homenagem a um bairro Vista Alegre em Aveiro, Portugal, terra de origem dos proprietários das chácaras e das fazendas que ladeavam toda a periferia do pântano onde seria construído o empreendimento imobiliário que deu origem ao bairro.

Lembro que os portugueses eram em maior número, mas tinham também italianos e espanhóis, que iam comprando suas casas no bairro. As casas, todas iguais, pintadas de branco com janelas azuis, davam aquele toque cristão e angelical.

Infância, com direito a português de bigodes gritando “garrafeiro” e a birosca onde se anotava tudo num caderno. Tinha a Geni, o amolador de facas, o seu Geraldo do botequim, o açougueiro que vendia carne e percorria o bairro com seu triciclo, entregando em domicílio.

O futebol era praticado nas ruas do bairro e nas pracinhas que faziam esquinas com a rua um. Nelas, as equipes se enfrentavam. Quatro na linha e um goleiro. Os melhores jogavam na pracinha da rua sete. A bola era a "dente de leite".

Atrás de um dos gols, um garoto devolvia a bola com um chute de perna esquerda. Era Luisinho! Vestido com um short branco e nu da cintura para cima, fazia o papel de gandula, devolvendo para o campo as bolas que fossem possíveis pegar.

Todos achavam que ia ser jogador. Não deu outra. Cresceu na Portuguesa Carioca, transferiu-se para o Flamengo, foi para o mundo árabe, e, quando voltou virou Luisinho das Arábias! Apelido dado por Washington Rodrigues, o Apolinho, da Rádio Globo, ao recebê-lo de volta ao Flamengo.

Ligo para o Maurício Guimarães e pergunto pelo Luisinho das Arábias. Escala o Fortaleza como se recitasse uma poesia: "Salvino; Caetano, Pedro Basílio, Tadeu e Clésio; Serginho, Wescley e Assis Paraíba; Edson, Luizinho das Arábias e Júlio César".

Luisinho faleceu em Belém, aos 31 anos, vítima de um AVC. Morreu novo. Geraldinho, seu primo, disse que no seu enterro, no cemitério de Irajá, tinha um representante do Remo e outro do Paysandu. Dramático! A vida no palco faz o sangue correr rápido nas veias.

Foto do Sérgio Redes

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