Logo O POVO+
O mestre e o mago
Foto de Sérgio Redes
clique para exibir bio do colunista

O ex-jogador Sérgio Redes, ou

O mestre e o mago

Cronista contrapõe a visão do amigo Mestre, que defende o jogo reativo do Ceará, com o sucesso do Fortaleza de Vojvoda, que deslanchou no futebol ofensivo
Tipo Crônica
Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza  (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Juan Pablo Vojvoda, técnico do Fortaleza

Descendo a Varjota, em direção à Beira Mar, levanto os olhos e vejo o Mestre. Inevitável o encontro! Vou cruzar com ele, vai me parar e vai me alugar. Não deu outra: o Ceará no Campeonato Brasileiro. "Estão pedindo a cabeça do técnico. Você não faz nada!”

Faço cara surpresa e pergunto. "Por quê?" A resposta vem acompanhada de uma agressão oral. Os culpados são vocês que vivem dizendo que além de vencer é necessário jogar bonito. O que interessa são os três pontos e permanecer na primeira divisão.

Fiquei perplexo com o gestual. A irritação me deixou mudo. Quando quis falar, não deu, por que ele foi saindo de banda. No fundo, achei bom ele ter ido embora. Nestes tempos que a intolerância campeia e todos são donos da razão é bom evitar confusão.

Ele tem suas razões. A campanha do Ceará, sétimo lugar, após a 15ª rodada, é a melhor colocação do clube desde que começou a Série A de pontos corridos. O DNA da equipe é do conhecimento geral. O time marca muito bem e tenta ser rápido e eficaz nos contra-ataques.

Agindo assim, o Ceará acredita conquistar os pontos necessários para que se mantenha na primeira divisão e tente uma vaga na Copa Sul-Americana. Quando enfrenta clubes de maior porte, se o jogo for fora de casa, aumenta os cuidados defensivos.

Já vivi essas situações e não é fácil. Você parece um pateta! Fica correndo de um lado para o outro na esperança de que alguém do seu time roube uma bola ou seu adversário erre e que daquele erro possa sair um contra-ataque que resulte num gol salvador.

Se a bola não sobrar, e, na maioria das vezes não sobra, o sofrimento é dobrado. Fica correndo atrás da bola e ainda perde o jogo. Fica claro para todo mundo que o time se apequena, despreza o jogo e pratica um futebol chato que busca apenas os “resultados”.

Quem parece ter despertado o Fortaleza para enfrentar qualquer time de igual para igual é seu técnico argentino Juan Pablo Vojvoda. Aliás, justiça seja feita a seu presidente Marcelo Paz, que me disse certa vez que procurava um técnico que jogasse para frente.

O mago argentino tocou os jogadores com seus dedos e palavras mágicas, e eles, encantados, jogam com muita alegria e coragem. No momento é o time que mais gosto de ver jogar. Como dizia Platão no seu “Banquete”, o destino de Eros (amor) é engendrar a beleza no mundo.

Foto do Sérgio Redes

Ôpa! Tenho mais informações pra você. Acesse minha página e clique no sino para receber notificações.

O que você achou desse conteúdo?