Quando parei de jogar profissionalmente, e passei a exercer a profissão de professor de Educação Física, fui trabalhar na extinta Fundação de Assistência Desportiva do Estado do Ceará (Fadec). Um dia, me pediram opinião sobre o gramado do Castelão.

Esperei o sol ir embora e, já quase anoitecendo, adentrei o campo, como diziam os locutores esportivos. O mais profundo silêncio. Parei no meio do campo e escutei. Nada! Somente o vazio. Como dizia Eduardo Galeano, não há nada menos vazio do que um estádio vazio.

Lembrei desse fato, outro dia, vendo uma partida de futebol pela televisão. A solidão das arquibancadas me fez recordar minha experiência na avaliação do gramado e uma pergunta me veio à mente. Imagine jogar futebol e não ter uma plateia para motivar?

Independente da pandemia, no tempo que joguei era diferente. Tínhamos os passes presos, passávamos vários anos jogando no mesmo clube. Os torcedores escalavam do goleiro ao ponta-esquerda e recitavam os times como se fossem uma poesia.

Joguei durante muitos anos e a zoada provocada pelos torcedores ainda hoje ecoa nos meus ouvidos. Quando você ouve gritos, palavras de ordem, hino do clube ou faz uma jogada de efeito e a torcida vibra, a motivação aumenta. A temperatura vai lá para cima.

É como se as vozes das torcidas percorressem um fio através de um rastilho de pólvora, atingindo seu coração. O(A) torcedor(a) é a alma de um clube. Em se tratando disso, é como se tivesse uma vara de condão e tudo que toca passa a ter uma representação mágica e afetiva.

É assim que funcionam os souvenires. Um copo, um berço, uma camisa, um short, um casaco, uma bicicleta. Produtos que fazem parte da vida de todas as pessoas, mas se estiverem marcadas pelas cores ou pelo escudo do clube o valor afetivo e o significado é outro.

O futebol tem sido um poderoso entretenimento nestes tempos de pandemia, em que os protocolos de saúde têm sido cumpridos. Fica-se em casa e se assiste aos jogos pela televisão. É assim que deve ser feito e assim será até que consigamos vacinar toda a população.

E o(a) torcedor(a) e seu clube? Tudo certo meu(minha) prezado(a) leitor(a)! A fidelidade do(a) torcedor(a) com seu clube são eternos. Eles(as) se separam, apaixonam-se por outras pessoas, mas de uma coisa podem ficar certos: não mudam de camisa e continuam torcendo pelo mesmo clube.