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Bola alta sobre a área
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Bola alta sobre a área

Tipo Crônica

Qualquer falta feita por uma equipe na sua intermediária, pelos lados do campo, acende imediatamente o pavio do locutor esportivo da televisão. Excitado e sensacionalista, ele convoca o telespectador: "Os zagueiros vão para a área!" "Jogador tal é muito bom na bola pelo alto".

Enquanto o batedor especialista ajeita a bola para lançá-la, atacantes e defensores "trocam gentilezas", se agarrando, e, se empurrando dentro da área penal. A fala e os gestos do árbitro sinalizam aos possíveis infratores que o VAR também está de olho.

Tempos modernos! Organizar a batida dessa falta, onde os jogadores tentam levar vantagem, demora alguns segundos, e, caso haja reclamações sobre a infração que gerou a falta ou algum lance anterior a ser revisto pelo VAR, a demora é maior. Haja paciência!

Enfim o juiz ordena a batida da falta. A bola descreve uma parábola e desce na área penal. Três ou quatro jogadores a disputam. Saltam de braços abertos para ganhar equilíbrio, se proteger, ocupar espaço e atrapalhar o adversário na tentativa de fazer ou evitar o gol.

Nesse movimento as mãos e os cotovelos são armas poderosas. Tudo bem! "Futebol é jogo de contato físico", mas a predominância da preparação física sobre a técnica estimula a marcação e o resultado é que as contusões no rosto e na cabeça têm se multiplicado.

E pensar que, no tempo em que praticávamos o melhor futebol do mundo, o falecido técnico Gentil Cardoso orientava assim seus jogadores: "A bola é feita de couro. O couro vem da vaca. A vaca gosta de grama. A bola gosta de rolar na grama." Simples.

A bola não é mais de couro, mas esse é um dos princípios básicos do futebol Alguém poderá dizer que isso é coisa do passado. Engano! Liverpool, Ajax, Barcelona e Real Madrid encantam o mundo com seus jogadores fora de série mantendo a posse de bola e jogando com ela rente à grama.

Essa é a fonte que tínhamos e devemos voltar a beber. O futebol fica bonito e evitamos os choques de cabeças que afetam em curto e em longo prazo a vida do jogador. O jogo pelo alto é inevitável, mas um locutor esportivo não deve estimulá-lo. Faz mal à saúde.

Foto do Sérgio Redes

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