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Crônica: os vários tipos de comentarista
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

Crônica: os vários tipos de comentarista

Tipo Crônica

No tempo em que jogava me pediram para citar um comentarista esportivo que gostasse. Pensei um pouco e citei o nome de um pouco votado. Meu interlocutor ficou olhando surpreso. Expliquei: acho genial o sujeito ficar falando dez minutos sobre algo que não entende.

O futebol permite isso. São muitos os tipos de comentarista. O ex-jogador se acha porque esteve lá dentro. Jogou! E por conta desta herança se comporta nos programas de televisão olhando para outros com desdém. Tipo: nunca chutou um bagaço de laranja.

Eu me identifico com os comentaristas de raiz pela idade e pelo encanto com a estética do jogo. Não basta vencer a partida, é preciso ganhar jogando bem. As belas jogadas ficam registradas na retina dos olhos enquanto o número de vitórias é um mero dado estatístico.

Surgiram e cresceram num tempo em que éramos os reis do futebol e os grandes narradores e comentaristas do rádio encantavam com uma linguagem simples e comovente. No tempo em que a televisão engatinhava desenhavam o jogo para os ouvintes.

Já vi técnico moderno ser entrevistado por um comentarista moderno e percebo na conversa deles a excitação com as novas palavras que vão sendo introduzidas no mundo do futebol. Recorro ao comentarista de raiz, Wilton Bezerra, que se mantém atual.

Do outro lado da linha, as palavras do nosso comentarista maior vão saindo aos borbotões: entrega, bola aérea, VAR, comprometimento, protagonismo coletivo, compactar, recomposição, aprender a sofrer, jogador de vestiário, o grupo está fechado e bom de grupo são algumas delas.

Fico impressionado com a cara de pau do comentarista de resultados. Muda de opinião como se troca de roupa. Na busca de audiência, é sempre porta-voz dos torcedores. Nas vitórias, elogios, nas derrotas, críticas acompanhadas da procura do bode expiatório.

O sensacionalismo explorado por este tipo de comentarista percorre um rastilho de pólvora e acende o coração do torcedor. Incendiado pela informação e cego pela paixão, o torcedor não se permite reflexões e nem analisa os fatos. Ele também quer resultados.

 

Foto do Sérgio Redes

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