Dando umas voltas terça-feira à noite pelo Polo Gastronômico da Varjota, encontro alvinegros derramando alegria e cerveja por todos os poros. A vitória sobre o Bahia tirou o Ceará da zona do rebaixamento numa partida em que o tricolor baiano era favorito.

Fiquei surpreso com a virada! Embora saiba que os clubes cearenses se dão bem em terras baianas, tomar um gol aos 30 do segundo tempo de uma equipe que está disputando vaga na Libertadores e encontrar forças para reagir e vencer levanta a moral.

A manchete do O POVO de terça-feira, Bahia 1x2 Luiz Otávio foi a forma encontrada para informar que o ataque alvinegro continua sofrendo de inanição e foi necessário que o quarto zagueiro avançasse e fizesse de cabeça os gols da vitória alvinegra.

Essa dificuldade em traduzir no placar as boas atuações que tem dentro do campo queima as pestanas de qualquer alvinegro. Conheço gente que acende vela e vai a terreiro. No jogo contra o Avaí, o locutor Gomes Farias agradeceu à irmã Dulce pelo gol salvador.

Tem torcedor que diz que precisa treinar finalização. Claro que precisa. Só que não tem tempo. Num campeonato como esse, com jogos às quartas, quintas, sábados e domingos e uma ou duas viagens pelo meio quando aparece uma folga, o sujeito quer descansar.

Por outro lado, fazer gol é um dom. À exceção do Galhardo, que quando aparece uma chance tem tranquilidade para finalizar, os atacantes alvinegros são tomados pela ansiedade e se apressam para a finalização da jogada. O resultado geralmente é ruim.

Essa deficiência técnica levou o Ceará a essa colocação perigosa na tabela e custou a demissão do técnico Enderson Moreira. Adílson, o novo técnico, não tem como resolver essa questão, mas tem uma boa leitura do jogo e mexe no time com competência.

A vitória sobre o Bahia representa esperança. Quando muita gente estava começando a enrolar a bandeira, a máxima do Tiquinho, ponta-esquerda alvinegro autor do gol do tetracampeonato de 1978, se faz presente: "O mal do urubu é pensar que o boi está morto."

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