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O velho e o "novo" no futebol de disputas e vaidades
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O ex-jogador Sérgio Redes, ou

O velho e o "novo" no futebol de disputas e vaidades

Tipo Crônica

Vez em quando dou um pulo na Associação de Garantia do Atleta Profissional (Agap). Sento com Celso, Cícero e Pacoti e tome recordações. Papo vai, papo vem e, de repente, o Pacoti: "Os jogadores não tem mais humildade. Só querem aparecer"!

Saí pensando na frase do Pacoti, na previsão de Andy Warhol, anos 70, de que no futuro todo mundo teria direito a 15 minutos de fama, na simplicidade de Garrincha, Pelé e Nilton Santos, que encantaram todo o mundo jogando futebol e eram narcisos às avessas.

Hoje é diferente do nosso tempo. Jogadores profissionais têm um empresário que cuida dos seus interesses, dos seus negócios e do marketing pessoal. E tome maquiagens, botox, cortes de cabelos variados, brincos, piercings, colares e outros penduricalhos.

As tatuagens se espalham pelos corpos. Algumas pelos braços e outras são vistas quando o jogador faz um gol e tira a camisa para comemorar. Aí aparecem labirintos, desenhos religiosos, dragões e corações com o nome da esposa, da namorada ou do filho.

Parece que esses símbolos criam uma atmosfera positiva, mas percebo o contrário quando a televisão mostra um ônibus chegando num estádio. Os jogadores descem — um de cada vez — de cabeça baixa, bolsa, celular na mão e com fones nos ouvidos. A tensão é grande.

Todo jogador tem sua chuteira colorida. No tempo em que as chuteiras eram escuras — o preto não reflete a luz — combinava com as cores do uniforme. Tem jogador de chuteira colorida com dificuldade no trato com a bola. O efeito visual de uma trapalhada a cores é patético.

Os goleiros, antigamente, vestiam-se de preto ou cinza. Havia além da regra uma crença geral de que assim vestidos os goleiros ficavam mais discretos e não ofereciam uma referência colorida para os atacantes que chutavam em direção à meta adversária.

Como se vê, muita coisa mudou e essa turma que frequenta a Agap, na qual eu me incluo, tem dificuldade em entender o futebol como negócio. Pertencemos a uma fase vitoriosa e romântica do futebol brasileiro e passávamos muitos anos jogando no mesmo clube.

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