O ex-jogador Sérgio Redes, ou
O ex-jogador Sérgio Redes, ou
Moro na esquina de Professor Dias da Rocha com Silva Jatahy. Um prédio de três andares com mais de 40 anos de construção, rodeado de árvores. Estou isolado, cumprindo as determinações governamentais e também porque sei que, quanto mais gente em casa, pior para o vírus.
Nesse início de noite, vou para a janela e fico observando. Não tem quase nada para olhar a não ser essa rapaziada que atravessa a Cidade de norte a sul, leste a oeste, entregando os pedidos. O porteiro do prédio tem uma moto. Cumprido o expediente, corre para fazer entregas.
No país onde impera a desigualdade e se espera que o preto e o pobre reconheçam o seu lugar, dou um doce para quem nunca reclamou. "Opa! Fiz o pedido a mais de uma hora". Do outro lado da linha, alguém justifica. "Um pouco de paciência que ele está chegando".
Eles estão sempre chegando. Como ganham pela distância, lutam contra o tempo. Vejo a correria das motos nas ruas da Varjota e sei uma hora vão bater. Se estiverem no roteiro da entrega, têm proteção em caso de acidente. Caso contrário não têm direito a mais nada.
Saio da janela e vou ver televisão. O canal SportTV anda fazendo reprises dos jogos do Brasil na Copa do Mundo, e, para quem gosta de futebol, é um bom momento para rever. Já a galera mais nova pode ver pela primeira vez o tempo em que éramos reis.
Ontem à noite, eles passaram Brasil x Chile da Copa de 1970. Essa seleção foi tricampeã do mundo e é considerada por muita gente como a melhor de todos os tempos. Felix; Carlos Alberto, Brito, Piazza e Everaldo; Clodoaldo e Gerson; Jairzinho, Tostão, Pelé e Rivelino.
No dia 21 de junho, a conquista vai fazer 50 anos. Paulo César, um reserva de luxo que nesse tempo ainda não era Caju, escreve no O Globo e fez uma crônica, dias atrás, dizendo que é o momento de eles serem procurados, badalados, exaltados e reconhecidos pelo amor ao futebol.
Crítico veemente do futebol atual, PC Caju escreveu. “Os heróis do Tri, apesar de serem considerados patrimônio nacional, podem ser encontrados perdidos e filmados em qualquer esquina. Deprimidos, bêbados, loucos, mas com um coração abarrotado de paixão por um futebol que se perdeu no tempo”.
Durante o período de isolamento social e parada dos jogos no Brasil e no mundo, a coluna Sérgio Rêdes migrou para a versão online
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