Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro
De batismo, é Dalai Lama Lima, dos Lima do Boqueirão do Cesário. O nome é invenção da mãe Vanderléa Adriany, metida a espiritualizada. Hoje "com 17 ano interado", o jovem tem umas arrumações invocadas. Quando vê uma tijubina (calango ou briba), leva a mão ao peito e passa oito minutos conversando com o bolso esquerdo da calça. Dizem que Dalai Lima é...
- Doido! O menino da Vanderléa tem o juízo no canto certo não! – conclui um tio.
Verdade seja dita: em noite de lua cheia, Dalai Lima exterioriza poder quase sobrenatural: janta mingau de arrozina com uma coisinha de barro, qual fosse canela; empurra o pau a cantar mantras nunca dantes tocados na "rádia" local (em casa, ninguém sabe que praga é essa de mantra); e faz uma zoada assim, à moda "mutuca da boca torta empanzinada", como diz um tio dele:
- Uuummm! Uuummm! Bicho sem vintura é anum! Uuummm! Uuummm!
Mais seguro que papagaio no arame, totalmente avesso à "ricuruta" (briga, mão de tabefe), Dalai Lima tomou chá de sumiço e ninguém mais deu notícia dele no Boqueirão. Foi fazer morada nos Sítios Novos. Quengo raspado no zero, trocou o mingau por sopa de saraça, é avesso a banho e tá cheio de filosofias de vida:
"Seja a tua vontade de reagir a um cascudo do tamanho do mijador duma piôlha".
"Em vez de cair no pranto de choro, engula o motivo".
"Ao pegar na mão de São Pedro (morrer) diga-lhe: tô ariado, Pedim!"
"Sem ti, mental eu sou..."
Terra de dotô!
Bom demais conversar potoca com Jair Morais. Derradeiro encontro nosso foi na padaria, tomando café com rosca. O Poeta dos Cachorros sabe tudo, pode encangar assunto. E aí, Jair, como fazer para acabar com a carestia no mêi do mundo?
- Eu acho o seguinte: compra tudo pela metade. Fiado!
- E essa vacina que não chega?
- Na minha mente, a gororoba já tá pronta, falta só o vidrinho (pra botar ela).
- E a Amazônia ardendo em chamas?
- Eu tenho pra mim que o hômi não é mais burro porque é só um.
- E o Donald Trump?
- Eu dou por vista um homem desses com uma peixeira nos quartos!
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Ouvido e nariz absolutos
O sujeito que tem a categoria de reconhecer uma nota musical saída de um rói-rói sem uma referência anterior, algo que sirva de parâmetro, é altamente marrumeno - "ouvido absoluto". "Uma em cada 10 mil pessoas nasce com a habilidade", informa a Super Interessante. Ou seja, quanto menos cera, mais sustenido.
Coisa d’outras vidas, escola nenhuma ensina. Sardinha, amigo e irmão, tem isso e chega a incomodar – muriçoca desafinada leva beliscão na rede. Com ele, Mozart, Hermeto Pascoal, Stevie Wonder, Chico Brown (neto do Chico Buarque, filho de Helena e do Carlinhos). Arrastado de penico, por menos dó que dê, dizem no ato a nota.
Mas nem só de ouvido vive o homem. De acordo com a "Babau Magazine", dois em cada 17 mil bichos de orelha vêm aparelhado com "nariz absoluto". O velho Licó tem isso. Mais que provação, uma verdadeira expiação. Fala, Licó:
- Sabe o que é sentir catinga de virilha com enxofre vencido, usando máscara, numa loja de perfume, chupando chiclete e com uma gripe lascada? Eu sinto!
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