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A 2ª onda
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Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro

Tarcísio Matos arte e cultura

A 2ª onda

Égua do macho, esse Genésico (não é Genésio)! Como a maioria de nós, tem a galharda mania de sentar-se no trono (sentina, latrina, privada, penico, mato – obrador) e demorar-se até que haja dado adeus ao derradeiro laivo da janta. Quanto tempo demora o desbaste matinal inviolável dele? “Rigula” 34 minutos, contados. Nem por muito dinheiro e um kit de vacinas larga mão do ritual, até que tudo esteja consumado. E bata nos peitos e diga heróico:

- Agora sim, posso ganhar a lapa do mundo!

 

Ocorre que Tonha, mulher dele, mesmo sabedora da arrumação, concitou o marido a dar um “subtotal na coisa” aos 33 minutos de arrumação e corresse vexado ao açougue, comprar quilo e meio de patinho. “Se não for agora, ligêro, em menos de fósforo, já sabe, né?” E não vá não, pra ver uma coisa. Devedor das tripas, Genésico passa ligeiro jornal nas partes, pega a bicicleta e capa o gato. Mas, como dissemos, havia ainda lance a ser feito. E o rapaz sofre no percurso, no interior do frigorífico, no regresso à casa, já todo ‘arrupiado’. Rebola o pacote de carne na mesa e corre pro banheiro.

 

Papôco medonho se ouve de lá. É Genésico obrando, livrando-se da parte 2 do processo defecativo inconcluso de há pouco.

- Sem a segunda onda não sou homem que preste!

 

“Aumente suas chances de se lascar”

Ser sincero demais é algo tão ruim que às vezes é assaz bom.

O povo, lhe vendo assim, será capaz de pensar que o amigo não sabe a diferença entre uma taiada de melancia e uma tora de bolo.

Nunca acredite em quem só tira 10. Não tira 11 de besta.

Ao nordestino – antes de tudo um forte: os benefícios de comer com a boca aberta são os mesmos que traçar um ‘bagúi’ com a boca abrida.

A coisa piorou? Faça como Lázaro, ressuscite e peça ressarcimento à funerária.

Vem de longe, desde o começo do mundo, a mania de o homem flatular e botar culpa em menino.

O tempo necessário para você fazer alguma coisa é sempre o mesmo, não importa qual.

Quando a esmola é grande, dois argumentos parcialmente verdadeiros podem ser também parcialmente falsos.

Nossa capacidade tem um tamanho determinado. Indeterminado mesmo, só o tamanho único.

 

Assista à missa, rapaz!

Sei lá! Taí o corona lascando o cano e o João Gabão (82 anos) nem aí pro azar do peba! Quer por fina força ir ao hospital submeter-se a procedimento cirúrgico, eu não diria desnecessário, mas sem futuro (“inútil, prescindível, supérfluo, vão...”). Bem que podia esperar mais uma coisinha, enquanto passa o grosso, ele que é do grupo de risco. Mas não; não aceita o povo de casa dizer que é ora de reclusão.

 

Gabão insiste, como se fosse sangria desatada, coisa de vida ou morte. A mulher, Biana, ainda tenta:

- Assista a missa, João! Tenha pressa não!

- Ó o dedim! Não aguento mais urinar, chiringando só uma coisinha! Aliás, mijando os pés. É o buraco que tá largo demais, e carece de apertar... – retruca Gabão.

 

Explico: a velocidade do fluxo urinário (rapidez com que o mijo é expelido) e o volume de xixi eliminado durante a micção de João Gabão estão aquém dos limites presumíveis. Trocando pato por ganso: ele quer aumentar a força da mijada, “como no tempo em que o jato ia até a metade do muro, bem cedo...

 

Foto do Tarcísio Matos

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