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A importância das coisas sem futuro
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Jornalista, compositor, escritor, humorista, cantor e pesquisador da cultura popular. Escreveu várias composições em parceria com Falcão. É autor do livro

Tarcísio Matos arte e cultura

A importância das coisas sem futuro

Tipo Crônica

Disse que se a gente ralar um jacaré (em ralador de milho, por exemplo), ele fica do tamanho duma lagartixa. Se aparar jumento com quicé ele se transforma num guaxinim. E se o caba liquidificar urubu, ele fica 'imprial um anum'. Aí eu disse que a sociedade protetora dos animais e a sociedade como um todo iam dar em cima, que ele podia ir pro xilindró. E Dermevaldo respondeu que foi só um sonho.

- Besta, eu tinha acabado de chegar duma panelada dançante no João XXIII.

"Se todos fossem iguais a vocês..."

O plantão do Dr. Jotinha tinha terminado fazia três horas, e ele ainda no hospital maior da municipalidade. No corredor, cuidava com desvelo incomum de paciente que chegara em mui graves condições. O carinho quase filial em acolhimento demais amoroso chamavam a atenção dos colegas.

Puncionando a veia do paciente com a dedicação de um mestre, colocava a máscara de oxigênio, pedia a presença de cardiologista, traumatologista, pneumologista, enfermeiros, rezadeira, corpo de bombeiros. Um colega vendo a dedicação diferente assaz do costumeiro, pergunta quem é o sinistrado. E o velho e bom Jotinha...

- É o atual marido de minha ex-mulher...

Cia. Docas

Eram primas, moravam 300 metros distantes, na localidade de Paulicéia. Doca de seu Firmino e Doca de Jeová. Uma, tia minha por parte de pai; a outra, por parte de mãe. E, interessante, tomavam conta de suas respectivas mamães. Uma e outra conhecidas por "Dona Doca". As "Docas da Paulicéia".

Um morador da Paulicéia por nome João, vizinho das duas senhoras, veio a Fortaleza e, a convite de um colega, foi conhecer o Porto do Mucuripe. Tudo muito novo para o matuto. A certa altura, o dito colega aponta para o prédio bonito das Docas e, pela primeira vez no lugar, João viu algo familiar. Fez conexões.

- Marrapaz! Eu não acredito no que tô vendo!

- O que, macho? - indagou o cicerone.

- Doca de seu Firmino e Doca de Jeová têm negócio por aqui!?!

O lado bom duma desgraça

Meu tio Zuca Piauiense descuidou e teve uma trombose - 'ramo'. Pressão sanguínea nas alturas, no ponto de ser medida por calibrador de borracharia. Ficou totalmente torto. Ou, como dizia tia Zilah, "guenzo, tadim". Afetou os dois pés, agora voltados pra dentro, dificultando sobremodo o andar linheiro. E tropeçava, caía...

Por acreditar que o milagre de Nossa Senhora dos Remédios iria curá-lo, largou a medicação e findou acometido de novo ataque. Desta feita, porém, como diz tia Zilah, um "AVC Cerebral Bom Pela Metade". AVC Bom Pela Metade? A resposta dela é a expressão do milagre de que falava tio Zuza:

- O pé esquerdo desentortou. Tô feliz. Agora, só falta o direito!

Um homem 'alto-sustentável'

Pêdo Ferrôi tem 1 metro e 90 centímetros. Acamado, e por conta da altura, tem grandes dificuldades de se levantar, movimentar-se. O filho, Junim Ferrôi, seu cuidador, sofre. Mas, como entrou há pouco na faculdade, aprendeu algo que muito lhe empolga e facilita a vida: os Modelos Sustentáveis de Desenvolvimento.

Tentando tirar o pai da rede e levá-lo ao banheiro, amargou dificuldades e... Diante do homenzarrão molenga, falou cheio de moral e detentor de conhecimento na área:

- Pai, o senhor já é alto. Agora, só precisa ser sustentável. Se sustente sozinho em pé, hômi! Seja alto-sustentável uma vezinha na vida!

 

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