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Nova espécie de pterossauro é descoberta no Brasil
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Nova espécie de pterossauro é descoberta no Brasil

O pesquisador cearense Renan Bantim está entre os cientistas que descobriram a nova espécie do réptil voador
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OSSOS DO RÉPTIL voador descobertos na cidade de Cruzeiro do Oeste, no Noroeste do Paraná (Foto: Equipe Cenpaleo / Divulgação)
Foto: Equipe Cenpaleo / Divulgação OSSOS DO RÉPTIL voador descobertos na cidade de Cruzeiro do Oeste, no Noroeste do Paraná

Uma nova espécie de pterossauro, que habitou o Brasil entre 80 e 110 milhões de anos, foi descrita e apresentada à comunidade científica na última segunda-feira, 19. O artigo, publicado na Revista da Academia Brasileira de Ciências e que revelou a existência do Keresdrakon vilsoni ou "Dragão espírito da morte" no território do Paraná, é assinado também pelo paleontólogo cearense Renan Bantim - doutor e pesquisador do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri (LPU).

A pesquisa foi coordenada pelo Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (Cenpaleo), no Norte de Santa Catarina, e analisou entre 2012 e 2014 fósseis de ossadas encontradas, em 1971, numa propriedade rural particular de Cruzeiro do Oeste, no Paraná.

Segundo Luiz Carlos Weinschütz, coordenador do estudo e professor da Cenpaleo, a nova espécie de pterossauro provavelmente vivia em pequenos grupos, em áreas desertas, com pouca vegetação e oásis de água. O réptil voador é contemporâneo dos dinossauros, carnívoro e foi considerado de grandes dimensões, com bico grande e forte.

Os pesquisadores concluíram que o Keresdrakon vilsoni tinha 2,50 metros de envergadura e pesava entre 15 kg e 20 kg. Como o réptil alado não tinha penas, ele teria de ser muito leve para voar com ossos muito finos. "Uma espessura de 1,5 mm", segundo Luiz Carlos Weinschütz.

A demora para a descrição e publicação sobre o Keresdrakon vilsoni se deu em consequência da descoberta de outros fósseis de animais na mesma região. Primeiro foram feitas as divulgações do pterossauro Caiuajara dobruskii e do lagarto Gueragama sulamericana.

A investigação paleontológica do Cenpaleo foi feita em associação com pesquisadores do Laboratório de Paleontologia da Universidade Regional do Cariri, com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Paranaense (Unipar), Museu Nacional/UFRJ e com a Universitat Autonoma de Barcelona.

O nome Keresdrakon é a junção de "Keres", que significa na mitologia Grega "espíritos que personificaram a morte violenta e estão associados a fatalidade". E Drakon, também do grego antigo e é o verbete para "dragão" ou "enorme serpente". Vilsoni é uma alusão a Vilson Greinert, voluntário do Cenpaleo que trabalha com as espécies do "cemitério dos pterossauros". O fóssil do réptil alado está na coleção do Museu da Terra e da Vida, na Universidade do Contestado, em Mafra (SC), e pode ser visitado.

Keresdrakon é o 2º descrito no País fora do Cariri

De acordo com o professor Renan Bantim, da Urca, "a descoberta de mais uma espécie de pterossauro no bone-bed (cemitério dos pterossauros) abre um leque de possibilidades para estudos ecológicos comportamentais com base em fósseis. Principalmente com o auxílio da paleohistologia, uma técnica em evidência nas pesquisas mundiais, porém ainda pouco explorada no Brasil".

Bantim aplica o procedimento nos achados do Geopark Araripe, na bacia geológica que leva o mesmo nome no Cariri cearense. Ele revela ainda que o Keresdrakon vilsoni é um pouco menor que a maioria dos pterossauros encontrados na bacia do Araripe. Até hoje, foram descritos 25 pterossauros aqui. O Keresdrakon é apenas o segundo descrito no Brasil fora do Cariri cearense. "Isso amplia a possibilidade de encontrar outros animais em outras partes do País", comemora.

 

Método

Os pesquisa- dores levaram os blocos brutos para laboratório e começaram a fazer o desmonte, com talhadeiras, até que os ossos começassem a aparecer. A partir disso, iniciaram o estudo da anatomia do animal

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