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Após 6 anos, famílias do Alto da Paz ainda aguardam residencial
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Após 6 anos, famílias do Alto da Paz ainda aguardam residencial

Comunidade denuncia a longa espera e pede a inclusão de 192 famílias que teriam ficado fora do cadastro
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Moradores da Comunidade Alto da Paz em frente ao terreno onde moravam, hoje ocupado pelo Residencial Alto da Paz, no Vicente Pinzón. A previsão para entrega dos apartamentos é março. (Foto: MAURI MELO/O POVO)
Foto: MAURI MELO/O POVO Moradores da Comunidade Alto da Paz em frente ao terreno onde moravam, hoje ocupado pelo Residencial Alto da Paz, no Vicente Pinzón. A previsão para entrega dos apartamentos é março.

A dona de casa Raquel Lima de Sousa, 40, acabava de acordar, às 5 horas, quando viu a Comunidade Alto da Paz cercada pelas tropas do Batalhão de Choque no dia 20 de fevereiro de 2014. As cenas do despejo forçado que se seguiram causaram comoção em Fortaleza. Daquele dia, Raquel lembra da sensação de impotência e da indignação. Seis anos depois, a maioria das famílias removidas mora de aluguel e espera a entrega do Residencial Alto da Paz, prevista para março. Uma ação civil pública que pede indenização aos moradores por danos materiais e morais também aguarda julgamento.

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Depois do despejo, Raquel e as duas filhas não tinham para onde ir. Moradores dizem que receberam 10 minutos para retirar seus pertences das casas. "Passei seis dias no terreno de uma vizinha. Coloquei as coisas no quintal e fiquei sentada em uma cadeira", relata. Ela chegou no Alto da Paz, no bairro Vicente Pinzón, cerca de um ano depois do começo das ocupações, que ocorreram em setembro de 2012.

A desapropriação atropelou as negociações com o Poder Executivo Municipal, mediadas pela Defensoria Pública do Estado, na busca de uma saída amigável para as partes. Uma ordem judicial, expedida em 2013 pela juíza Joriza Magalhães, da 9ª Vara da Fazenda Pública, respaldou a retirada das famílias do terreno de 116 mil m², propriedade da Prefeitura desde 2011.

A Associação de Moradores do Alto da Paz indica que pelo menos 530 famílias ocupavam o local à época e reivindica a inclusão de 192 famílias que teriam ficado fora do cadastro realizado pela Prefeitura. A Secretaria Municipal do Desenvolvimento Habitacional (Habitafor), porém, reconhece somente 327 cadastradas.

"Nossa luta vem desde 2014 até aqui. Estamos aguardando que a Prefeitura veja a situação dessas famílias. É uma luta justa, é por alguém que precisa ter uma moradia", defende a ex-moradora Raquel Lima, que integra a Unidade Classista Luta por Moradia.

A Secretaria sustenta que "as famílias que ocupavam o local foram cadastradas, pelo menos três vezes". Os moradores, porém, afirmam que a Habitafor considerou apenas os dados do último cadastro realizado.

Quanto a demora na entrega, a Habitafor diz que o empreendimento com 1.428 apartamentos foi concluído, mas passa pela fase de legalização documental para abertura de matrículas, que depende dos Cartórios de Registro de Imóveis (5ª zona). A previsão de entrega é o próximo mês de março.

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