Há 11 dias desde as primeiras confirmações de coronavírus no Ceará, o isolamento social promovido no Estado já pode estar impactando na curva de evolução da doença- o último número divulgado foi de 211 casos. "Mais que olhar os números absolutos, depois que começamos a fazer o isolamento social, com as medidas mais rigorosas, o percentual do aumento de casos de um dia para o outro é bastante em relação aos dias anteriores. Isso é bastante animador", aponta o infectologista Guilherme Henn.

Conforme estudo do Instituto Ampla Pesquisa do último dia 24, a partir do último dia 21, os percentuais de crescimento de novos casos passam a diminuir no Estado: de 48%, para 39%, e depois para 12%. Do dia 24 para o dia 25, o percentual de aumento, no entanto, oscilou para cima: 14%. 

Ainda que não preponderante no comportamento do novo vírus, no Ceará, as variáveis climáticas do período podem ser um dos aspectos a ser levado em conta. Entrando na metade final da quadra chuvosa, que coincide com fim da estação de doenças respiratórias, o médico Keny Colares acredita que poderá começar a ter, nas próximas semanas, uma curva de crescimento de casos menos acentuada. "Aqui, começam a diminuir em abril (a doenças respiratórias), ao passo que se intensificam os números no Sul e Sudeste. Essa pode ser uma das variáveis, mas não é a única e, por isso precisamos nos preparar pra uma situação mais grave", aponta Colares.

Por isso, o anúncio da criação de mais leitos para Ceará. Mas, com mais leitos, o infectologista Roberto da Justa acredita que interpõe uma outra questão: o número de profissionais de saúde que poderão trabalha na linha de frente da epidemia. "Sem falar no número crescente de baixas, ou seja, profissionais de saúde, médicos principalmente, estão adoecendo e tendo que se afastar de suas atividades. Essa é uma questão crítica e que terá que ser muito bem trabalhada pelas autoridades".