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Brasileiros que moram no exterior revelam como estão vivendo após a Covid-19
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Brasileiros que moram no exterior revelam como estão vivendo após a Covid-19

Confira como seis brasileiros estão lidando com o novo dia a dia, em meio às medidas adotadas para a contenção do novo coronavírus em diferentes países
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Número de casos, no mundo, já passou de um milhão (Foto: Alberto PIZZOLI / AFP) (Foto: Alberto PIZZOLI / AFP)
Foto: Alberto PIZZOLI / AFP Número de casos, no mundo, já passou de um milhão (Foto: Alberto PIZZOLI / AFP)

Sejam elas mais rígidas ou mais brandas, as medidas adotadas pelos diversos países para a contenção da Covid-19 têm afetado as rotinas ao redor do mundo. Escolas e faculdades fechadas, shows e eventos cancelados, reuniões proibidas e novas regras de convivência estabelecidas são algumas das mudanças pelas quais inúmeras pessoas estão passando atualmente. O POVO conversou com seis brasileiros — nascidos ou criados no Ceará — que moram em diferentes países para saber como eles estão lidando com esse momento. Confira:

O chef Alex Rangel vive na Espanha há 20 anos e compartilha o dia a dia no Instagram (@chefalexrangel)
Foto: Acervo pessoal
O chef Alex Rangel vive na Espanha há 20 anos e compartilha o dia a dia no Instagram (@chefalexrangel)

Espanha
Filho de cearenses nascido no Rio de Janeiro e criado em Fortaleza, o chef Alex Rangel vive na Espanha há 20 anos. Hoje, ele mora em Argentona, província de Barcelona, e se dedica ao trabalho com insumos de produtores locais e de hortas próprias. Há três semanas vivendo a quarentena, Alex viu as rotinas pessoal e profissional mudarem. “Não podemos fazer nenhum tipo de evento e estamos vendo a dificuldade no dia a dia.” Para fazer compras, conta que se tornou necessário utilizar luvas e máscaras, além de apenas determinado número de pessoas entrar ao mesmo tempo nos supermercados. “Não pode ter filas, (então) o atendimento tem que ser rápido”, relata. O movimento nas ruas da cidade mudou, reuniões foram proibidas e até passeios com cachorros devem ser feitos nas proximidades das residências. “Na primeira semana é uma novidade. Na segunda, você sente o peso e a proibição de não sair de casa, mas também vai entendendo a importância de não propagar o vírus”, conta. Ele destaca a união das pessoas no combate à doença. “Você nota a união da população, a preocupação das pessoas. É uma vivência nova, é uma experiência interessante e complicada, mas é uma batalha que todos deveremos viver juntos.”

A estudante universitária Marina Dias Lima, 18, nasceu em Fortaleza e morou na capital cearense até 2009. Hoje, vive em Lisboa, em Portugal
Foto: Acervo pessoal
A estudante universitária Marina Dias Lima, 18, nasceu em Fortaleza e morou na capital cearense até 2009. Hoje, vive em Lisboa, em Portugal

Portugal
O último dia de aula presencial da estudante universitária Marina Dias Lima, 18, foi na segunda-feira, 9 de março. As aulas do curso de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa passaram a acontecer em ambiente virtual, por meio de um aplicativo. Na quarta-feira seguinte, o filho dela, Artur, 4, parou de ir para a escola, e, desde então, os dois permanecem de quarentena, com a mãe, o padrasto e o irmão de Marina. Se antes mãe e filho saíam todos os dias para passear, essa não é mais a rotina deles. “Na primeira semana de quarentena, ainda saíamos um pouco. Eu ainda conseguia levar o Artur para a praça perto de casa, para ele andar de bicicleta, mas depois estava proibido entrar”, conta. Em casa, Marina tem feito exercícios e, para não se sentir “tão enclausurada”, conversado com os amigos por vídeochamadas. “A cidade está vazia. Está proibido saírem nas ruas mais de duas pessoas, porque senão é crime de desobediência.”


A arquiteta Ana Karenina Albuquerque, 31, mora em uma pequena cidade na província de Treviso, a 50 km de Veneza, na Itália
Foto: Acervo pessoal
A arquiteta Ana Karenina Albuquerque, 31, mora em uma pequena cidade na província de Treviso, a 50 km de Veneza, na Itália

Itália
A rotina da arquiteta Ana Karenina Albuquerque, 31, começou a mudar no final de semana de carnaval, quando foi a Paris com o marido e, na volta, ao chegar ao aeroporto de Veneza, foi recepcionada por funcionários que controlavam a temperatura dos viajantes. Mas a mudança maior chegou com a quarentena, que teve início em março. “Tivemos que aprender a estar mais tempo em casa e mudar o modo de fazer compras no supermercado. A rotina de trabalho também mudou: as reuniões presenciais foram substituídas por videoconferências e e-mails, e a pausa de socialização para o cafezinho com os colegas não existe mais.” Há dois anos morando em uma pequena cidade na província de Treviso, a 50 km de Veneza, Ana Karenina conta que a forma de se comunicar com os familiares que estão no Brasil não mudou, “mas de repente mudou um pouco o sentimento”. “Não sabemos quando vai terminar, quando posso finalmente ir em casa, abraçar a família e dizer que está tudo bem.”

O engenheiro Henrique Queiroz, 27, mora em Singapura, na Ásia
Foto: Acervo pessoal
O engenheiro Henrique Queiroz, 27, mora em Singapura, na Ásia

Singapura
O engenheiro Henrique Queiroz, 27, é paulista, mas viveu 15 anos em Fortaleza. Atualmente, ele mora em Singapura, na Ásia. Exemplo positivo na contenção o novo coronavírus, o país agiu desde o início do surto. “O governo foi fechando a fronteira com alguns países em que o número de casos começava a aumentar exponencialmente, então o primeiro deles logicamente foi a China. Depois disso, fecharam para a Itália, para o Irã, para a Alemanha e assim por diante”, conta. À medida que os números tornaram-se mais altos devido à importação de casos, as ações adotadas e as rotinas dos cidadãos começaram a mudar. “Aqui, a quarentena ainda não aconteceu. Não temos restrição de sair de casa, então o fluxo ainda continua acontecendo. Mas mudaram algumas coisas, sim”, afirma. Cinemas, bares e pontos turísticos foram alguns locais fechados, segundo o engenheiro. Além disso, as pessoas estão sendo estimuladas a trabalhar em casa. “Isso está variando de empresa para empresa, mas tem sido a tendência, principalmente para aquelas em que o trabalho é um pouco mais flexível.”

Fotógrafo, Caio Ferreira, 40, mora em Nova York desde 2015 com a esposa e o filho
Foto: Acervo pessoal
Fotógrafo, Caio Ferreira, 40, mora em Nova York desde 2015 com a esposa e o filho

Estados Unidos
O fotógrafo Caio Ferreira, 40, nasceu no Rio de Janeiro, mas morou "a vida inteira" na capital cearense. Desde 2015, vive em Nova York com a esposa, Juliana, e o filho de seis meses, que chamam de Caju. Antes com rotina de trabalho das 9h às 17 horas, o fotógrafo está em quarentena, em casa, desde o último dia 8 com a família. Quando necessário, as compras são feitas pela internet. “Eu tinha uma rotina bem completa, estávamos vivendo um momento muito bom”, conta. Bares e restaurantes fechados, shows e eventos cancelados, e a maior presença de ambulâncias na rua são algumas mudanças da cidade relatadas por Ferreira. “As pessoas têm andado na rua, não é proibido, mas pedem para evitar e para manter distância de 1,5 metro.” Para “passar o tempo”, o casal tem produzido máscaras em casa e doado para amigos e instituições. “Minha mulher é designer de moda, costura muito bem e nós temos fabricado. Inclusive, entramos em contato com alguns brasileiros em listas do Facebook. Sempre tem alguém precisando”, relata.

Michelly Dietiker, 41, mora em Meisterschwanden, na Suíça, desde 2010
Foto: Acervo pessoal
Michelly Dietiker, 41, mora em Meisterschwanden, na Suíça, desde 2010

Suíça
Desde 2010, Michelly Dietiker, 41, mora em Meisterschwanden, na Suíça. Em quarentena há quase três semanas, a dona de casa conta que, atualmente, só podem sair duas pessoas juntas por vez. A partir de três, uma multa é aplicada. “A última medida de controle foi mais rígida. Está tudo fechado, as únicas coisas que funcionam são supermercado, farmácia e banco; os lugares públicos, onde se aglomeravam muitos jovens, foram fechados e cercados porque as pessoas não estavam respeitando o distanciamento”, conta. Mãe de Diego, 7, Michelly relata que não há previsão para o fim da quarentena e que as aulas nas escolas, após as férias de Páscoa, serão on-line. “Estamos aqui, fazendo a nossa parte, mantendo o distanciamento agora para que possamos, o mais rápido possível, voltar a ter uma vida normal.”

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