O sábado do Mercado São Sebastião, no Centro de Fortaleza, foi movimentado neste 25 de julho de 2020. Nas paredes do estabelecimento, placas informavam que clientes sem máscaras não deveriam ser atendidos. Essa e outras medidas, como a aferição de temperatura na entrada e disponibilização de álcool gel, foram adotadas no equipamento para prevenir o contágio da Covid-19.

A medida, porém, parece contemplar apenas os clientes que chegam pelas entradas principais do Mercado. A equipe do O POVO, que entrou pelo estacionamento, não teve acesso às medidas de prevenção ao entrar no equipamento."Na entrada é uma coisa e no estacionamento é outra. Os clientes que vêm de carro entram sem nenhuma medida de proteção. Às vezes, entram sem máscara", relata uma fonte ouvida pelo O POVO, que preferiu não se identificar.

Por outro lado, há aqueles que adotam as medidas de precaução necessárias. Utilizando máscara, protetor facial e o próprio álcool gel, a assistente social Elizabeth Rodrigues, 49, foi uma das clientes que compareceram ao São Sebastião. Para ela, a atenção aos cuidados por parte dos vendedores é um critério para escolher onde fazer a compra.

Ao chegar em casa, ela conta que adota todos os cuidados para manter a higiene, tanto pessoal quanto dos produtos comprados. "Já perdi uma pessoa, em maio, por conta do coronavírus. Eu já tive (a doença). Então, temos tido muita preocupação", afirma. As saídas de casa, para Elisabeth, têm sido apenas para serviços essenciais, como ir à farmácia para comprar remédios com retenção de receita médica.

Edivânia Moreno, 36, que trabalha em um comércio na área externa do Mercado, percebe que o movimento está "melhorando agora". O quiosque esteve fechado apenas durante a primeira semana de pandemia e, em seguida, voltou a funcionar com parte das atividades. Atualmente, o negócio voltou a receber consumidores, com a quantidade de mesas reduzidas.

Com a liberação do funcionamento dos restaurantes pelo Governo do Estado do Ceará, em 20 de junho, na segunda fase da retomada das atividades econômicas em Fortaleza, o Restaurante São Francisco também voltou a dispor mesas, em número reduzido, para receber o público presencialmente.

"Vemos que muitos clientes andam com o próprio álcool gel, muitos deles gostam da questão do distanciamento. E muitos ainda estão pedindo por delivery, não querem sair de casa", avalia Irene Semente, 52, proprietária do estabelecimento, em relação ao comportamento dos consumidores.

Neste sábado, O POVO esteve em diferentes locais de Fortaleza. Ainda no Centro, a rua José Avelino e as proximidades do Mercado Central contaram com intenso fluxo de pedestres na calçada. Segundo informações da Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis), houve ações de dispersão de aglomeração e retirada de ambulantes na região, assim como em outras áreas do Centro.

Já na avenida Beira Mar, por volta das 10h20min, algumas pessoas caminhavam, corriam e pedalavam. Outras tomavam banho de mar e praticavam esportes coletivos na areia da praia. No Mercado dos Peixes, o número de mesas foi reduzido em 50%, com distanciamento de dois metros entre elas. Os funcionários das barracas de praia estavam de máscara e alguns também utilizavam protetor facial.

Ações de fiscalização

Segundo balanço da Agefis, desde a madrugada deste sábado foram feitas ações para evitar a realização de feira das Goiabeiras, na Barra do Ceará, com apoio da Guarda Municipal e Polícia Militar. Na última sexta-feira, 24, foram realizadas ações de dispersão em pontos do Centro, entre eles a José Avelino. Houve orientação para que 113 ambulantes saíssem de praças e calçadas.

"Durante manhã e tarde, equipes realizaram operação de fiscalização na Rua José Avelino e entorno para dispersar aglomerações. Além disso, os fiscais distribuíram máscaras de tecido e álcool gel 70%", informa o comunicado.

Além disso, 12 estabelecimentos foram fechados por desrespeitar o decreto de isolamento, em geral por funcionarem fora do horário permitido. Também foram feitas, na sexta-feira, 24, ações educativas nas praias orientando sobre o distanciamento social, com higienização das mãos e distribuição de máscaras de tecido.

Entre 1 e 24 de julho, a Agefis realizou 475 ações de monitoramento, dispersões de aglomerações, abordagens a estabelecimentos e ordenamento de filas. Nesse período, 208 estabelecimentos foram fechados por descumprimento das medidas do Decreto Estadual.

A Agência afirma, ainda, realizar inspeções em estabelecimentos como restaurantes e lanchonetes para verificar se os alimentos estão sendo manipulados de forma adequada e segura, de acordo com as legislações vigentes e os Decretos Municipais sobre as ações de enfrentamento à Covid-19.

"Em todos os estabelecimentos foram realizadas orientações quanto à prevenção da disseminação da Covid-19. Ao todo, 93 estabelecimentos foram verificados, dos quais 63 foram notificados."

O POVO solicitou informações à Prefeitura de Fortaleza sobre o fato de a medição de temperatura não acontecer nos acessos pelo estacionamento do Mercado São Sebastião e aguarda retorno.