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Artigo: Como os educadores podem aplicar provas e conduzir avaliações no contexto de ensino remoto?
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Artigo: Como os educadores podem aplicar provas e conduzir avaliações no contexto de ensino remoto?

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Tipo Notícia
Entre 2010 e 2014, Camila Akemi Karino foi coordenadora-geral de Instrumentos e Medidas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP (Foto: NA LATA)
Foto: NA LATA Entre 2010 e 2014, Camila Akemi Karino foi coordenadora-geral de Instrumentos e Medidas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP

As aulas remotas têm demandado dos educadores a criação de novas formas de avaliação. Com isso, abre-se uma grande oportunidade de se desapegar do instrumento prova e de se testar novas formas avaliativas, muitas vezes mais ricas e fáceis de serem executadas. É importante ter como foco o real propósito da avaliação para o processo de aprendizagem. Uma dica é considerar três elementos: participação (engajamento e colaboração), desenvolvimento (acompanhamento da evolução da aprendizagem: a avaliação formativa) e resultado. Esse conjunto resolve uma equação que possibilita uma avaliação mais construtiva.

Em participação, o educador deve observar comportamentos e atitudes que demonstram a abertura dos estudantes para o aprender. A avaliação da participação transmite ao aluno a importância do engajamento e do esforço, reforçando o valor do processo no resultado final. Elementos como a entrega de atividades no prazo estipulado; presença e interações nos momentos síncronos; e colaboração com membros da turma podem ser indicadores de participação, devendo tanto professor quanto alunos estarem cientes e com expectativas alinhados do que se é esperado.

Para acompanhar o desenvolvimento da aprendizagem, o professor precisa estar atento à todas as devolutivas dos alunos que demonstrem o domínio ou como está o desenvolvimento das habilidades. Essa forma possibilita uma análise da evolução da aprendizagem em diferentes momentos e por múltiplas estratégias do docente, direcionando cada ação. De modo prático, evidências de desenvolvimento está no desempenho da turma nas atividades; nos registros individuais de tarefas de casa; bem como em todas as interações que possibilitem tornar o pensamento do estudante visível, por exemplo, em uma discussão ou numa reflexão ao final de um capítulo.

Em resultado temos uma análise de até qual ponto o estudante conseguiu chegar ao final de um processo – pode ser bimestral, trimestral ou do ano letivo. Ele gera informações sobre a efetividade de um processo pedagógico. As escolas geralmente usam as provas para mensurar esse resultado; podemos usar, também, relatórios de pesquisas e análises de portfólio que tragam evidências das aprendizagens ocorridas. As tradicionais provas ainda são alternativas possíveis, apesar das dificuldades de aplicação e da fidedignidade das respostas. Para contornar esse segundo ponto, é interessante pensar em questões abertas e que avaliam níveis cognitivos mais avançados.

Por fim, vale ressaltar que não é um ano para se preocupar com nota ou reprovação. Mas isso não significa não avaliar. Quando o foco é o desenvolvimento do estudante, a avaliação é a bússola para direcionar as melhores ações pedagógicas.


Camila Akemi Karino é diretora pedagógica da Geekie. Psicóloga, mestre e doutora pela Universidade de Brasília (UnB), estagiou na Universidade de New Brunswick (Canadá), onde estudou “Igualdade, equidade e eficácia do sistema educacional brasileiro”. Entre 2010 e 2014 foi coordenadora-geral de Instrumentos e Medidas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), sendo responsável pelas principais avaliações da educação básica, tal como o Enem. Atualmente, é pesquisadora-colaboradora do programa de pós-graduação do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares da UnB.

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