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Sem leitos nas Upas, pacientes têm que aguardar por vagas de UTI
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Sem leitos nas Upas, pacientes têm que aguardar por vagas de UTI

| AGRAVAMENTO | Upas de Fortaleza devem atender o dobro de pacientes do ápice da pandemia
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ATENDIMENTO nas Upas deve chegar a 20 mil pessoas este mês (Foto:  Fabio Lima)
Foto: Fabio Lima ATENDIMENTO nas Upas deve chegar a 20 mil pessoas este mês

Na primeira quinzena deste mês, 10 mil pessoas com suspeita da doença buscaram socorro nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas) de Fortaleza. Na manhã de ontem, 67 pessoas tiveram que esperar por um leito de UTI nas 35 Upas espalhadas pelo estado (12 estão em Fortaleza).

"As nossas Upas tiveram aumento no número de atendimentos. Só para se ter ideia, em maio do ano passado, cerca de 10 mil pessoas foram atendidas nas Upas de Fortaleza com suspeita de Covid. Só até o meio de fevereiro, nós já tínhamos esses 10 mil e a previsão é de ter, até o fim do mês, 20 mil atendimentos, dos quais 13% precisarão de internação", alertou o titular da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Dr. Cabeto, em transmissão feita ontem pela internet. "Há um recrudescimento da pandemia. Mas, graças a Deus, com uma letalidade muito menor. Em maio de 2020 era de 9%. Hoje é de 1,2%".

No entanto, a ocupação dos leitos nas Upas era preocupante. "No dia de hoje, aproximadamente 67 pessoas estão nas Upas do Ceará, precisando de leitos de UTI", lamentou. "Mesmo com os 640 leitos a mais em relação ao que tínhamos em setembro de 2020".

A Sesa anunciou que os leitos de enfermaria exclusivos para a Covid-19 vão passar das atuais 1.478 para 2.133 até o dia 31 de março (655 a mais). Já os de UTIs passarão de 610 para 805 até o final do mês (195 a mais) e depois para 1.074 até 31 de março (464 a mais). Ao todo, serão acrescentados em pouco mais de um mês 1.119 leitos de enfermaria e UTIs Covid.

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Diante do cenário de aumento de casos e internações, além das mutações do novo coronavírus, as quais podem afetar a eficácia das vacinas, a secretaria também anunciou que tem comprado e estocado Equipamentos de Proteção Individual e outros insumos.

A pasta informou ao O POVO que as seis UPAs de gestão estadual localizadas na Capital receberão o suporte. Elas estão localizadas nos bairros Autran Nunes, Canindezinho, Conjunto Ceará, José Walter, Messejana e Praia do Futuro. O processo de implantação dos equipamentos está sendo processado pelo órgão.

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Segundo atualização feita às 21h07 de ontem na plataforma IntegraSUS, a taxa de ocupação de UTIs em todo o estado era de 88,7% e a de enfermarias, 65,99%, com 92,52% dos leitos de UTI adulto utilizados. 13 unidades de saúde estavam com 100% dos leitos de UTI preenchidos. Em Fortaleza, as taxas eram de 89,77% e 80,77% para UTIs e enfermaria, respectivamente, com 93,3% de uso das UTIs adulto. Cinco unidades de saúde da capital estavam com 100% de ocupação de UTI. As Upas de Fortaleza e do estado estavam com vagas disponíveis na consulta.

 

FORTALEZA, CE, BRASIL, 08-01-2021: Fachada do setor administrativo do grupo Hapvida na Av. Heráclito Graça no centro de Fortaleza. (Foto: Aurélio Alves/ O Povo)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 08-01-2021: Fachada do setor administrativo do grupo Hapvida na Av. Heráclito Graça no centro de Fortaleza. (Foto: Aurélio Alves/ O Povo)

Covid-19: Sesa ocupará 200 leitos do Hapvida a partir de amanhã

O secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho - o Cabeto, requisitou ontem, 19, 200 leitos hospitalares na rede Hapvida de Fortaleza. De acordo com a portaria número 2021/217, as enfermarias e unidades de terapia intensivas (UTIs) deverão estar disponíveis a partir de hoje, 20, para manejo de pacientes contaminados novo coronavírus durante a segunda onda da pandemia da Covid-19 na capital cearense. 

Com a lotação da rede pública de saúde de Fortaleza, Cabeto comunicou que a requisição também "abrange os serviços médicos, equipamentos, medicamentos, insumos, procedimentos e exames" para "proporcionar a devida assistência à saúde de pacientes acometidos pela Covid-19". 

A princípio, em razão do estado de emergência decretado pelo Governo do Estado, a Secretaria da Saúde usará por 30 dias os 200 leitos disponíveis ou quantos estiverem desocupados  do Hapvida. Com a possibilidade de uma prorrogação por mais tempo a depender dos dados epidemiológicos e o quadro da oferta de enfermarias e UTIs voltados para a Covid-19.  

Os pacientes do sistema estadual de saúde serão encaminhados ao Hapvida por meio da Célula de Regulação do Sistema de Saúde, da Sesa. Após o fim da requisição, será apurado o valor da indenização devida pelo poder público, de acordo com a legislação vigente.

O aumento da disseminação da segunda onda da Covid-19 no Ceará persiste. Em duas semanas, a Capital apresentou aumento de 4,5% nos casos e de 34,1% nos óbitos pela doença. A evolução foi registrada nas semanas epidemiológicas 4 e 5 (de 24 de janeiro a 6 de fevereiro) em comparação à quinzena anterior, que corresponde às semanas epidemiológicas 2 e 3 (entre 10 e 23 de janeiro).

As informações são de boletim epidemiológico semanal publicado pela Sesa, na tarde de ontem. Na semana epidemiológica 6 (entre 7 e 13 de fevereiro), foram confirmados 4.736 novos casos e 73 óbitos no Ceará. Os números correspondem a um aumento de 5,9% e redução de 3,9%, respectivamente, ao registrado na semana anterior. (Demitri Túlio e Ana Rute Ramires)

FORTALEZA, CE, BRASIL, 15.02.2021: Movimentação nas barracas da praia do Futuro na manhã dessa segunda (Foto: Thais Mesquita/OPOVO)
FORTALEZA, CE, BRASIL, 15.02.2021: Movimentação nas barracas da praia do Futuro na manhã dessa segunda (Foto: Thais Mesquita/OPOVO)

Covid-19: Ceará tem 76 casos prováveis de reinfecção; há 124 suspeitos

Total de 76 casos prováveis de reinfecção por Covid-19 foram registrados no Ceará. Cada um deles caracteriza pessoas que apresentaram dois testes moleculares (RT-PCR) positivos para doença em um intervalo mínimo determinado — 90 dias de diferença para os assintomáticos e 45 dias para os que apresentaram sintomas clínicos. A Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) ainda investiga pelo menos outros 124 casos suspeitos de reinfecção.

Não é possível, no entanto, confirmar que os casos realmente são de reinfecção. Para isso, a Sesa precisaria submeter as amostras coletadas dos dois episódios ao sequenciamento genético viral, comprovando diferença significativa entre as duas cepas virais. Esse critério é defendido pela Organização Panamericana de Saúde (Opas/OMS), a qual a secretária resolveu adotar para fazer a classificação.

Em nota técnica divulgada na última terça-feira, 16, a pasta disse que até tentou fazer essa análise por meio do Instituto Evandro Chagas (LVR-IEC) — órgão vinculado ao Ministério da Saúde — mas as amostras enviadas não tinham qualidade necessária para a realização do procedimento. O médico infectologista Keny Colares, que participou da elaboração do documento, disse que a pasta está em contato com outros órgãos para possibilitar a análise genética.

O especialista explica que a melhor compreensão sobre casos de reinfecção é fundamental para entender melhor o vírus e controlar a pandemia. Ele ressalta que a imunidade adquirida após a primeira infecção pode ser duradoura ou não, o que determina as chances de contrair a doença novamente. "A gente sabe de doenças infecciosas, como o sarampo, que é difícil de ter duas vezes. Mas outras, como a malária e a tuberculose, são comuns acontecerem mais de uma vez ao longo da vida", exemplifica.

A Secretária Executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Magda Almeida, disse que a reinfecção pode estar acontecendo novamente porque as pessoas não criaram imunidade à nova cepa viral e estão se infectando. Ela disse, por meio da assessoria da pasta, que a secretaria acompanha a lista de pessoas que testaram positivo para a doença duas vezes e verifica a manifestação de sintomas clínicos, por meio da vigilância epidemiológica.

Nesta semana, a secretaria estabeleceu ainda o termo Covid-19 pós-agudo ou prolongado (Long Covid, em inglês). A classificação descreve a persistência de sintomas após três semanas do início da doença, que parece acontecer em cerca de 10% dos pacientes. Há ainda a definição de Covid-19 crônico, quando os casos persistem além de 12 semanas.

"A ausência de proteção sinaliza que pode não haver controle da disseminação da doença pelo esgotamento de suscetíveis, que tem sido de forma inadequada chamada de 'imunidade de rebanho'. Também importante é considerar que a ausência de proteção causada pela infecção natural geralmente está relacionada à baixa proteção associada aos produtos vacinais", alertam os pesquisadores.

Em outubro do ano passado, quando a Sesa também emitiu nota técnica, pesquisadores cearenses identificaram 12 casos de pessoas que adoeceram duas vezes por Covid-19. O estudo, no entanto, não era conclusivo se os casos realmente poderiam ser considerados como uma reinfecção por Covid-19 no Estado e eram tratados como recorrência.

Maioria dos casos prováveis de reinfecção atingem profissionais da área da saúde 60% dos casos prováveis de reinfecção no Ceará — quando são considerados critérios clínicos-laboratoriais, sem confirmação genética — aconteceram em profissionais da saúde. Entre eles, o maior índice foi registrados nos médicos, que representam 14 dos 76 casos investigados pela Sesa; em segundo lugar vem os enfermeiros, com 13 casos. (Leonardo Maia)

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