Pesquisa com 123 municípios do Ceará mostra desafio no trato com professores durante a pandemia da Covid-19. O primeiro deles aponta que quase metade das redes de ensino não ofereceram formação aos docentes ano passado. Segundo: entre os que ofertaram (64), o tema menos tratado é justamente a busca ativa como enfrentamento à evasão escolar dos estudantes.
Nas formações, os assuntos mais tratados foram o protocolo de segurança sanitária nas escolas (59) e tecnologias para ensino remoto (49). Situação diferente da busca ativa, discutida por 12 cidades.
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Assim como as redes cearenses, a busca ativa é o menos citado quando trata-se das formações dos professores no País: cerca de 16,4% afirmaram tratar do tema. Chama atenção um dado comparativo entre o Brasil e o Ceará: enquanto cerca de 33% municípios cearenses discutem o acolhimento dos estudantes, no País esse percentual chega a 72,1%.
Os dados são de pesquisa da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) em parceria com o Itaú Social e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), realizada entre os dias 29 de janeiro e 21 de fevereiro. Em todo o Brasil foram 3.672 redes de ensino respondentes, o que corresponde a 65,9% das matrículas públicas nas cidades. O POVO teve acesso com exclusividade aos dados referentes ao Estado do Ceará. O levantamento tenta diagnosticar o ano letivo de 2020, como 2021 está sendo planejado, formação de professores, protocolos de segurança e as dificuldades principais das secretarias.
Para 2021, 2 a cada 3 redes cearenses respondentes à pesquisa ainda estão construindo protocolos de segurança para volta às aulas. Em relação aos protocolos pedagógicos, 70% dos dirigentes municipais estão em processo de discussão.
Para 56% das cidades, a maior dificuldade é o acesso dos estudantes à internet, seguido da adequação da infraestrutura das escolas públicas municipais contra a Covid-19. Outro ponto crítico, conforme os respondentes, é o acesso dos professores à internet.
Todas as redes municipais de ensino concentraram as atividades por material impresso e orientações por WhatsApp. Na apresentação dos dados, há um ponto de atenção. Em maio e junho, quando uma pergunta similar foi feita, 37 redes municipais apontavam exercícios impressos como parte da estratégia. Para 63 cidades a participação dos estudantes ficou acima de 75%. Enquanto 38% apontaram participação entre 50% e 75%.
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Neste ano de pandemia, 5,5 milhões de crianças e adolescentes em todo o País ficaram sem atividades escolares ou não frequentaram a escola. Com isso, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), UNDIME e parceiros lançam mais uma vez a Busca Ativa Escolar (BAE) 2021. No Ceará, 93% das cidades aderiram ao programa.
Dados do Ceará
Amostra:
Não respondente: 61 (33%)
Respondente: 123 (67%)
Estratégias adotadas
em 2020
Material impresso: 125
Orientações pelo Whatsapp: 123
Orientações on-line por aplicativos diversos: 109
Videoaulas gravadas: 102
Videoaulas online ao vivo: 51
Plataformas educacionais: 42
Aulas pela TV: 15
Aulas pelo rádio: 4
Estimativa de estudantes que realizaram efetivamente as atividades não presenciais*
Ainda não foi estimado: 13
75% a 100%: 63
50% a 75%: 38
25% a 50%: 2
0% a 25%: 1
*117 municípios responderam
Temas mais abordados nas formações de professores, gestores e demais trabalhadores em educação*
Protocolos de segurança sanitária nas escolas: 50
Tecnologias para ensino remoto: 49
Planejamento do curriculum continuum: 43
Acolhimento e competências socioemocionais: 41
Protocolos pedagógicos: 34%
Implementação de ensino híbrido: 33
Reorganização do calendário letivo 2020 e 2021: 24
Avaliação da aprendizagem: 23
Protocolos de segurança sanitária nos transportes: 21
Busca Ativa como enfretamento à evasão escolar: 12
*64 municípios responderam pois apenas esses realizaram encontros de formação
FONTE: UNDIME, UNICEF, ITAÚ SOCIAL