Iniciativa da ONG indigenista Associação para o Desenvolvimento Local Co-produzido (Adelco), o projeto Tucum, financiado pela União Europeia, promove uma rede de apoio e resistência a 15 comunidades indígenas no Ceará. O projeto foi aprovado no edital de Instrumento Europeu para a Promoção da Democracia e dos Direitos Humanos (IEDDH) e começou a valer a partir deste ano de 2021.
A Adelco toca a ação em parceria com o Esplar e o Movimento Indígena do Ceará e receberá financiamento pelos próximos quatro anos. O nome Tucum, uma planta que possui uma fibra forte e resistente e muito usado em artesanato, foi dado pelos próprios indígenas.
Entre as ações planejadas pelo Tucum está a criação de um escritório de advocacia composto exclusivamente por indígenas e a criação de um aplicativo com a proposta divulgar informações para as populações indígenas sobre os órgãos de defesa e proteção dos direitos humanos e assistência social.
As entidades organizadoras do projeto afirmam que haverá a promoção de formações em direitos humanos e ativismo digital. Também será organizado formações específicas para jovens e professores sobre o combate a violência contra a mulher. Essa parte do projeto deve desenvolver seu trabalho para mulheres indígenas, visando fortalecer a autonomia delas.
A iniciativa tem a proposta de alcançar 18 municípios cearenses. Os povos indígenas envolvidos no projeto são: Tapeba, Tabajara, Potyguara, Pitaguary, Tremembé, Anacé, Kanindé, Tapuia-Kariri, Jenipapo-Kanindé, Kalabaça, Karão, Tubiba-Tapuia, Kariri, Gavião, Tupinambá.
Para Adelle Azevedo, coordenadora geral do projeto, o Tucum surge com a necessidade de conectar esses povos e assegurar seus direitos básicos. "A gente acredita que é necessário organizar essas pessoas em rede. O trabalho em rede é de suma importância para alcançar nossos objetivos, que são de proteger e construir ações que possam apoiar os povos indígenas nas suas causas", ressalta.
O advogado e vereador de Caucaia Weibe Tapeba (PT) diz que o escritório é importante, pois pode atuar junto às demandas coletivas dos povos indígenas. "A intenção é de que o escritório consiga sistematizar o levantamento dos principais processos judiciais em curso, especialmente aqueles que tratam dos conflitos envolvendo as terras indígenas". Sobre a composição do escritório integrando apenas advogados e estagiários indígenas com atuação em prol das causas desses povos, ele afirma: "Essa experiência fortalece o protagonismo indígena no Ceará".