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Denunciados 35 PMs por aquartelamento que terminou com Cid Gomes baleado
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Denunciados 35 PMs por aquartelamento que terminou com Cid Gomes baleado

| MOTIM | Militares haviam sido indiciados por tentativa de homicídio, mas não houve denúncia por este crime
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SENADOR Cid Gomes foi até o 3º Batalhão, em Sobral,  e entrou em confronto com os policiais aquartelados
 (Foto: Wellington Macedo/Divulgação)
Foto: Wellington Macedo/Divulgação SENADOR Cid Gomes foi até o 3º Batalhão, em Sobral, e entrou em confronto com os policiais aquartelados

O Ministério Público Estadual (MPCE) denunciou 35 policiais militares pela tomada do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM), em Sobral, a 233km da Capital, ato que fez parte da paralisação da PM ocorrida em fevereiro de 2020. No episódio, o senador Cid Gomes (PDT) foi baleado, após tentar avançar contra os PMs em uma retroescavadeira. A denúncia aguarda recebimento pela Justiça.

O inquérito policial militar (IPM) aberto para apurar o caso havia indiciado 33 dos acusados pela tentativa de homicídio contra Cid, mas o promotor responsável pelo caso não apresentou denúncia por este crime mencionando que os crimes dolosos contra a vida fogem da atribuição da Promotoria de Justiça Militar. Foi determinado o envio do IPM a uma promotoria do Júri. Um outro inquérito, da Polícia Civil, investiga a tentativa de homicídio, não tendo sido concluído ainda.

POLICIAIS MILITARES participaram de motim em fevereiro de 2020
POLICIAIS MILITARES participaram de motim em fevereiro de 2020 (Foto: FCO FONTENELE/O POVO)

Conforme a denúncia do MPCE, ofertada na última quinta-feira, 17, a ocupação do batalhão teve início por volta das 19 horas do dia 18 de fevereiro, quando o vereador Ailton Marcos Fontenele Vieira, sargento da reserva, discursou para outros militares na entrada do quartel. O Sargento Ailton foi denunciado como "cabeça" do movimento, o que implica no aumento de um terço da pena aplicada.

Leia também: Cerca de 300 PMs já foram denunciados por envolvimento no motim de 2020

Em depoimento, o tenente Marcos Paulo da Costa afirmou que, ao avistar o discurso, ordenou que os PMs fossem para suas áreas de serviço, o que não foi atendido. Ele conta, em seguida, ter sido surpreendido com o pátio do batalhão repleto de "supostos policiais encapuzados e à paisana". O tenente afirmou ter mantido contato com o tenente-coronel Romero dos Santos Colares, comandante militar da região, mas, segundo o MPCE, "nos autos inexiste qualquer passagem que indique ações enérgicas adotadas por esse comandante para fazer cessar a invasão".

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Cid Gomes depôs no IPM, afirmando que foi até o 3º BPM após ter ficado "impactado" com vídeos nas redes sociais que mostravam PMs mascarados ordenando que comerciantes fechassem suas lojas. O senador ainda disse em seu depoimento que "durante todo o percurso, não foi abordado em nenhum momento pelos comandantes da Força Policial". O MPCE afirma que o tenente-coronel Jean Acácio Pinho, comandante do 3º BPM, "acatou passivamente a desmoralização da hierarquia", o que o também fez ser denunciado por omissão.

A investigação chegou aos nomes dos 35 PMs amotinados a partir da quebra de sigilo das Estações de Rádio-Base de seus celulares. Além da denúncia, o MPCE requereu a suspensão do exercício das funções públicas dos 33 praças denunciados, assim como solicitou que os dois coronéis denunciados fossem proibidos de assumirem funções que não sejam administrativas. O POVO não localizou a defesa dos militares.

 

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