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Quarta onda de casos de Covid-19 tem baixa mortalidade em Fortaleza
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Quarta onda de casos de Covid-19 tem baixa mortalidade em Fortaleza

Média móvel de casos aumentou 34% em uma semana na Capital, segundo boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgado nesta terça-feira, 28
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COBERTURA de vacinação contra Covid-19 ajuda a conter gravidade dos casos (Foto: FERNANDA BARROS)
Foto: FERNANDA BARROS COBERTURA de vacinação contra Covid-19 ajuda a conter gravidade dos casos

Em franca elevação da quarta onda, Fortaleza apresentou aumento de 34% na média móvel de casos em duas semanas. Índice saiu de 126 para 189,4 em 15 dias. Apesar disso, a Capital está há 35 dias sem registro oficial de morte em decorrência da infecção. Estágio é considerado "de muito baixa mortalidade".

Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgado nessa terça-feira, 28. Nessa segunda-feira, 28, Ana Estela Leite, titular da pasta, destacou que o número baixo de casos graves e óbitos pela doença é reflexo da vacinação. 

"Estamos ultrapassando a quarta onda da Covid-19 no município de Fortaleza. Mas com casos de menor gravidade, com muita pouca demanda de internação. Isso é exatamente o que a gente espera quando se tem uma campanha de vacinação que perdura mais de um ano e uma ampla cobertura na população", afirmou. 

Ela destacou ainda a importância da testagem para realizar o isolamento dos pacientes positivados e conter a disseminação. A taxa de positividade dos exames para diagnóstico de Covid-19 cresceu 22% em uma semana. Assim como a proporção de resultados positivos, o número absoluto de exames também aumentou no período, refletindo aumento da testagem.

Entre os dias 21 e 27 de junho de 2022, a positividade das amostras (RT-PCR) de residentes de Fortaleza registrada foi de 32,6%. Foram 904 amostras positivas de um total de 2.772 exames liberados, considerando os testes analisados pelos laboratórios da rede pública.

De acordo com o boletim, a média móvel de óbitos dos últimos sete dias foi estimada em zero. Isso porque não foi registrado nenhum óbito pela doença. A última morte confirmada ocorreu há 35 dias (24/05/22).

"Maio foi o mês menos letal da pandemia em Fortaleza, com cinco mortes confirmadas", consta o relatório. Até esta data, não ocorreram óbitos em junho, apesar do recente aumento de casos.

Segundo a SMS, o cenário epidemiológico atual pode ser considerado de "circulação viral moderada, com tendência de elevação da transmissão". O diagnóstico reflete, provavelmente, a dominância das subvariantes da Ômicron BA.4 e BA.5, como vem sendo observado em nível nacional. "De todo modo, o sequenciamento de novas amostras é necessário para confirmar essa hipótese", acrescenta a pasta.

"O Aumento da testagem e da cobertura vacinal com esquema completo em todas as faixas etárias (incluindo D3 e D4 para as populações-alvo) continuam sendo, junto com medidas não farmacológicas, as estratégias cruciais para consolidar o controle da doença", afirma o epidemiologista Antônio Lima, coordenador de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Variantes da Ônicron impulsionam 7ª onda na Europa

A Europa vive atualmente uma sétima onda de Covid-19, que se explica em grande parte pela capacidade das novas variantes de escapar da imunidade, a partir de sua resistência às proteções fornecidas pela vacinação e contágios anteriores.

No início do verão (hemisfério norte, inverno no Brasil), a Europa caiu em uma sétima onda de coronavírus marcada por uma alta dos casos em quase todos os países. Entre as razões está um relaxamento das medidas de distanciamento, mas também uma redução da imunidade. Sabe-se atualmente que a proteção concedida pelas vacinas e pelas infecções anteriores se perde após alguns meses. "As pessoas que se contagiaram com ômicron BA.1 em dezembro estão muito menos protegidas do que no início do ano", resume à AFP Samuel Alizon, diretor de pesquisa no Centro Nacional de Pesquisa Científica francês (CNRS).

"O mesmo ocorre com a imunidade concedida pelas vacinas: mesmo que permaneça robusta contra as formas graves da doença, diminui um pouco contra as infecções menos graves".

Esta nova onda se explica também pelo avanço de novas subvariantes da ômicron, a BA.4 e principalmente a BA.5, segundo os cientistas. Essas subvariantes se propagam ainda mais rápido porque parecem se beneficiar de uma vantagem dupla de transmissibilidade e escape imunológico. Esse já era o caso da subvariante da ômicron BA.1, que era muito mais capaz que a delta de contagiar pessoas vacinadas ou infectadas anteriormente.

Durante muito tempo se pensou que um contágio fornecia proteção, ao menos durante algum tempo. No entanto, com a família Ômicron parece que não é assim, de acordo com um estudo do Imperial College britânico publicado em meados de junho.

Os cientistas analisaram amostras de sangue de mais de 700 profissionais da saúde do Reino Unido. Todos receberam três doses das vacinas contra a Covid-19 e foram infectados pela cepa histórica ou por variantes.

Os resultados destacaram que as pessoas já infectadas pela Ômicron apresentavam uma boa resposta contra a cepa inicial do coronavírus e suas primeiras variantes, mas fraca contra a própria ômicron.

Pensava-se que a infecção com a Ômicron poderia ser quase "benéfica, como um tipo de 'reforço natural'", afirmou à AFP Rosemary Boyton, co-autora do estudo. "O que descobrimos é que estimula mal a imunidade e contra si mesma, ou até mesmo nada em alguns casos. Isso, e o declínio imunológico após a vacinação, podem explicar o aumento maciço que vemos novamente nas infecções, com muitas pessoas reinfectadas em curtos intervalos".

"Estamos enfrentando variantes altamente contagiosas, que são agentes um pouco sorrateiros que passam por baixo do radar das defesas imunológicas. É uma complexidade real do grupo Ômicron", destacou Gilles Pialoux, chefe de serviço do hospital Tenon, em Paris, na semana passada.

Essas variantes "muito contagiosas precisam que aumentemos o nível de proteção dos mais frágeis", acrescentou. Porque - e isso é uma boa notícia - as vacinas ainda são eficazes contra as formas mais graves da doença. Para a maioria dos países europeus, a prioridade absoluta é que as pessoas mais velhas e imunossuprimidas recebam uma segunda dose de reforço.

"Atualmente, o nível de imunidade da população é bom, mas não é perfeito", destacou no domingo Alain Fischer, presidente do conselho de orientação da estratégia de vacinação francesa. "É por isso que é necessário recomendar um reforço aos maiores de 60 anos e às pessoas frágeis cujo sistema e memória imunológicos são menos robustos".


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