Logo O POVO+
485 crianças foram atendidas no IJF entre janeiro e junho por lesões graves resultantes de colisões
CIDADES

485 crianças foram atendidas no IJF entre janeiro e junho por lesões graves resultantes de colisões

Entre janeiro e junho de 2022, o IJF atendeu 150 casos de atropelamento, sendo 41% dos envolvidos crianças entre um e quatro anos
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
AÇÕES educativas são realizadas para prevenir acidentes em Fortaleza (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA AÇÕES educativas são realizadas para prevenir acidentes em Fortaleza

Dados do Instituto Dr. José Frota (IJF) apontam que, entre os meses de janeiro e junho de 2022, um total de 485 crianças foi acolhida nas unidades pediátricas do hospital por lesões graves resultantes de colisões no trânsito. Em 150 casos, as crianças foram vítimas de atropelamento, sendo em 41% envolvendo meninos e meninas de um a 4 anos.Na quinta-feira passada, uma criança de cinco anos foi atropelada enquanto atravessava na faixa de pedestres em Fortaleza

Desse total, 250 atendimentos foram para moradores de Fortaleza, enquanto 235 foram encaminhados de outros municípios. O IJF é referência regional no socorro às vítimas de traumas de alta complexidade, lesões vasculares graves, queimaduras e intoxicações.

Untitled infographic
Infogram

Somente entre as vítimas de ocorrências em motocicletas foram registrados 167 casos. O Instituto também contabiliza acidentes envolvendo vítimas em carros (37), bicicletas (131) e como pedestres (150).

A equipe do hospital reforça o alerta aos pais para a gravidade dos múltiplos traumas que uma colisão ou queda desse tipo pode causar em crianças tão jovens, além de ser uma conduta contrária à legislação de trânsito vigente.

Comparação com períodos anteriores

 

O POVO teve acesso aos dados do primeiro semestre de 2019. Comparando com período igual de 2022, houve redução de 14% no número de internações de crianças vítimas de colisões de trânsito.

Em nota, o IJF ressaltou que a comparação com um intervalo de dois anos (2020 e 2021) considerou a mudança das rotinas sociais e de trabalho durante os isolamentos sanitários, que influenciaram nas hospitalizações pediátricas por traumas.

Copy: Lesões graves resultantes de colisões no trânsito em 2022
Infogram

Em relação à divisão do atendimento dirigido a moradores de Fortaleza e de outras cidades, o IJF atendeu, em 2019, um total de 319 fortalezenses e 244 pacientes de outras cidades. O maior índice de queda nos registros foi na hospitalização dos pacientes de Fortaleza, que passou de 319 para 250 (-21%), enquanto as vítimas de outros municípios passaram de 244 para 235 (-3%).

Acidentes envolvendo carros

 

O destaque ficou com a diminuição de vítimas de traumas entre as crianças transportadas em carros, que saiu de 71 registros para 37 (-48%) acolhimentos. A redução foi de 60% na Capital, que caiu de 45 para 18 casos.

Em nota que compila análise das equipes da Emergência, a explicação é de que isso é um reflexo do uso correto dos equipamentos obrigatórios de segurança, como as cadeirinhas, do respeito às normas de velocidade por parte dos condutores e do reforço nas ações de orientação e fiscalização das situações e comportamentos de risco no trânsito.

Por outro lado, as hospitalizações de crianças vítimas de ocorrências em motocicletas cresceram 10% entre os pacientes de outros municípios, subindo de 100 para 110 casos. Ao contrário, a redução dos registros em Fortaleza foi de 27%, com a diminuição de 78 para 57 acolhimentos.

Atropelador deve prestar assistência à vítima

Daniel Daniel Siebra, presidente da Comissão de Trânsito, Tráfego e Mobilidade Urbana da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Ceará (OAB-CE), afirma que é dever do responsável pelo atropelamento prestar assistência."O condutor tem o dever de prestar assistência, de no mínimo ligar para um serviço de atendimento (...) Independente da gravidade, fica no local, chama uma ambulância, uma autoridade competente. A partir do momento que ele foge ele tá incorrendo a um crime", destaca representante, frisando que a omissão de quem comete ação é um fator que influencia no aumento da pena de prisão.

Além disso, Daniel afirma que a vítima desse tipo de ocorrência tem direito a receber o seguro obrigatório para Danos Pessoais causados por Veículos Automotores de via Terrestre (DPVAT), que pode ser de até 2.700 em caso de lesão leve ou de até 13.500 se o acidente deixar sequelas ou incapacidade.

Conforme Siebra, basta procurar uma seguradora e comprovar o ocorrido, por meio de Boletim de Ocorrência (BO), testemunhas, entre outros. Se a vítima morrer, é a família que passa a ter o direito de receber o valor do Dpvat. A Defensoria Pública pode ajudar nesse processo.

André Luís Barcelos, gerente de Educação para o Trânsito da AMC, frisa que a causa de atropelamentos pode estar ligada a vários fatores", entre eles a infraestrutura do espaço. Isso porque, conforme pontua representante, calçadas apropriadas, sinalização, faixa de pedestre e outras medidas de engenharia "têm poder muito maior de proteção" e "podem prevenir esse tipo de sinistro".

Outro ponto causar desse tipo de ocorrência, segundo Barcelos, é o comportamento do usuário da via. "Usuário atravessa a via, se coloca na pista de rolamento sem estar atento ao que está ao redor. (...) Corre com o smartphone vendo mensagem. Tira a atenção do usuário. Atenção é um dos elementos chave", destaca.

André também defende que deve haver um "politica de atenção ao pedestre" com medidas que aumentem a segurança nas vias para crianças e idosos, público que aponta como mais vulnerável a esses tipos de sinistros.

Segundo dados fornecidos pela Prefeitura ao O POVO, Fortaleza está no caminho para chegar ao oitavo ano seguido de redução de mortes no trânsito. Ações como a redução da velocidade máxima em algumas vias contribuíram para esse fim. Só na última década, o número de sinistros que resultaram em mortes na Capital reduziram em 51,7% e o quantitativo de atropelamentos fatais também caiu em mais da metade.(Gabriela Almeida e Alexia Vieira)

O que você achou desse conteúdo?