O Banco do Nordeste (BNB) anunciou um novo aporte de R$ 50 milhões em recursos não reembolsáveis para financiar projetos voltados à preservação e recuperação da Caatinga nos próximos cinco anos. O investimento, que será distribuído por meio de editais anuais, a partir de 2026, fortalece iniciativas ambientais no único bioma exclusivamente brasileiro.
O anúncio foi feito pelo diretor de Planejamento do BNB, Aldemir Freire, durante o painel “Floresta Seca do Brasil e seu potencial para sequestro de carbono”, na COP30, em Belém, na tarde de terça-feira, 11. Segundo ele, o Banco vem ampliando sua atuação no bioma em função de seu papel essencial na regulação climática e na manutenção da biodiversidade do semiárido.
“A caatinga é o bioma semiárido mais populoso e é relevante para o Brasil. E fica em uma uma região que participa da transição energética brasileira e mundial. Boa parte dos parques solares e eólicos do Nordeste se situam dentro da caatinga”, destaca Freire.
Segundo o executivo é possível que em um futuro próximo, outras organizações, como por exemplo, o BNDES, possam aumentar os recursos neste programa da caatinga. “Esperamos duplicar ou triplicar em breve”, disse. Pois se de um lado ela contribuiu positivamente para a transição energética global, fornecendo a energia verde e descarbonizando o mundo, essa é uma das regiões mais suscetíveis às mudanças climáticas.
“O banco já tem atuação forte nesses territórios com os agricultores familiares, mas o BNB resolver reforçar a política de preservar, restaurar e usar sustentavelmente os recursos da caatinga”, ressalta o executivo.
O novo aporte se soma a dois editais recentes de subvenção econômica lançados recentemente, o Fundo Sustentabilidade BNB, e o Floresta Viva/Caatinga Viva, desenvolvido em parceria com o BNDES e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Juntos, esses programas já destinam R$ 41,17 milhões a ações de recuperação ambiental na região.
Pelo Fundo Sustentabilidade foram R$ 15 milhões em projetos de instituições públicas e privadas sem fins lucrativos voltados ao uso sustentável da Caatinga. A análise preliminar classificou 69 propostas, que seguem para a fase final de seleção, prevista para novembro de 2025. Já o Floresta Viva/Caatinga Viva selecionou 11 projetos, com R$ 26,17 milhões em recursos e previsão de restaurar 1.632 hectares de áreas degradadas.
Ao O POVO, o presidente do BNB, Wanger Rocha afirmou que a instituição vem trabalhando firme na transição energética e que “todos os parques eólicos e solares instalados no Nordeste possuem financiamento com o BNB. Apenas nos últimos dois, três anos, foram investidos mais de R$ 14 bilhões em energia limpa”.
Perguntando sobre a questão das recentes discussões legislativas no Brasil envolvendo a geração de energia, incluindo pequenas e grandes usinas, que giram principalmente em torno de duas Medidas Provisórias, MP 1.300/2025 e, mais recentemente, a MP 1.304/2025, ele disse que o BNB continua liberando investimento para todos os tipos e tamanhos de empresas que tenham propósito. Até uma definição ser publicada. “Até o momento estamos operando normalmente e não fizemos nenhuma trava”, afirmou.
Em relação à participação na COP30, o presidente destaca como é importante do ponto de vista estratégico de relacionamento com outros players nacionais e mundiais. “E mesmo não sendo na nossa região de atuação, Nordeste e Sudeste, mas atuamos com foco no desenvolvimento econômico sustentável. Sabemos da importância de respeitar o uso adequado das terras”, finaliza.
Já o Banco do Brasil assinou, durante a COP30, com Banco Europeu de Investimento (BEI Global), um termo de intenções para uma captação de 350 milhões de euros em apoio a mulheres empreendedoras e a implantação de energia limpa na região da Amazônia Legal.
Com foco na região amazônica, o projeto apoiará o desenvolvimento do setor privado por meio de microcréditos para microempresas de propriedade ou geridas de mulheres, e para projetos de geração de energia elétrica renovável, principalmente gerada por painéis solares em telhados para autoconsumo em comunidades remotas.
Para José Ricardo Sasseron, vice-presidente de Negócios de Governo e Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil, esta parceria com o BEI reafirma o protagonismo do BB em acordos com instituições financeiras globais e reforça os compromissos do Brasil no âmbito do Acordo de Paris, evidenciando que é possível unir crescimento econômico, responsabilidade ambiental e inclusão social.
A transação reforça o “Acordo Verde” UE-Brasil e os compromissos brasileiros no âmbito do Acordo de Paris, firmado em 2015, para combater as crises climáticas. “Ao apoiar mulheres empreendedoras e energia limpa na Amazônia, estamos promovendo o crescimento econômico inclusivo e reforçando nossa parceria estratégica com o Brasil em ações climáticas”, completou o vice-presidente do BEI, Ambroise Fayolle.
Em meio a agendas na COP30, em Belém, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), conversou com O POVO sobre a mitigação de problemas causados pelas mudanças climáticas. Questionado como pretende enfrentar desafios que fazem parte da rotina do cidadão fortalezense, como lixo nas ruas e enchentes em períodos de chuva, ele respondeu, que “de fato, são gargalos históricos. Desde o início da gestão, fizemos um trabalho forte na limpeza dos 162 canais da cidade, algo que não acontecia há muito tempo. Também estamos limpando lagoas e atuando de forma preventiva para o próximo período chuvoso, que começa em dezembro”, disse.
Essas ações, segundo o chefe do executivo municipal, já reduziram bastante os problemas nas áreas mais vulneráveis neste ano, embora ainda não estejamos na condição ideal. “O objetivo é preparar a Cidade para reagir melhor aos eventos climáticos extremos”.
Sobre os recursos para executar esses projetos sustentáveis para a Cidade, ele acredita que esse, talvez, seja o maior desafio: “Fazemos o enfrentamento com os recursos que temos, que ainda são escassos. Mas a COP30 também é uma oportunidade de aproximar Fortaleza de organismos e parceiros internacionais para viabilizar novos financiamentos. Ainda investimos menos do que o ideal para uma capital do porte de Fortaleza, mas temos avançado em infraestrutura, moradia e drenagem, porque não adianta pavimentar sem cuidar da drenagem. Mesmo com limitações, estamos construindo uma cidade mais preparada e sustentável”.
Carol Kossling/Especial para O POVO
Enviada a Belém
"Desafios com o lixo, enchentes e drenagem são problemas históricos", diz Leitão
Em meio a agendas na COP30, em Belém, o prefeito de Fortaleza, Evandro Leitão (PT), conversou com O POVO sobre a mitigação de problemas causados pela crise climática. Questionado como pretende enfrentar desafios que fazem parte da rotina do cidadão fortalezense, como lixo nas ruas e enchentes em períodos de chuva, ele respondeu, que "de fato, são gargalos históricos. Desde o início da gestão, fizemos um trabalho forte na limpeza dos 162 canais da Cidade, algo que não acontecia há muito tempo. Também estamos limpando lagoas e atuando de forma preventiva para o próximo período chuvoso, que começa em dezembro", disse.
Essas ações, segundo o chefe do executivo municipal, já reduziram bastante os problemas nas áreas mais vulneráveis neste ano, embora ainda não estejamos na condição ideal. "O objetivo é preparar a cidade para reagir melhor aos eventos climáticos extremos".
Sobre os recursos para executar esses projetos sustentáveis para a Cidade, ele acredita que esse, talvez, seja o maior desafio: "Fazemos o enfrentamento com os recursos que temos, que ainda são escassos. Mas a COP30 também é uma oportunidade de aproximar Fortaleza de organismos e parceiros internacionais para viabilizar novos financiamentos. Ainda investimos menos do que o ideal para uma capital do porte de Fortaleza, mas temos avançado em infraestrutura, moradia e drenagem, porque não adianta pavimentar sem cuidar da drenagem. Mesmo com limitações, estamos construindo uma cidade mais preparada e sustentável".