Logo O POVO+
COP30: No CE, emissões de CO₂ aumentaram mais de 24% em cinco anos, diz estudo
Comentar
CIDADES

COP30: No CE, emissões de CO₂ aumentaram mais de 24% em cinco anos, diz estudo

Primeiro inventário do Estado traça panorama inédito das emissões entre 2018 e 2023 e aponta para planejamento climático alinhado às metas globais de descarbonização
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Comentar
O inventário cumpre dispositivos da Política Estadual sobre Mudanças Climáticas (Foto: Carol Kossling/Especial para O POVO)
Foto: Carol Kossling/Especial para O POVO O inventário cumpre dispositivos da Política Estadual sobre Mudanças Climáticas

O governador Elmano de Freitas (PT) lançou nesta quinta-feira, 13, em Belém, o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Ceará (IEGEE-CE), durante a COP30. Os dados do mostram que as emissões líquidas totais do Ceará cresceram 24,11% no período analisado, passando de 28,17 para 34,96 milhões de toneladas de CO₂ equivalente (MtCO₂e).

Esse número reflete a diferença entre a quantidade de gases lançados na atmosfera e a quantidade removida, e servirá de base para políticas públicas voltadas à mitigação e adaptação climática no Estado.

O documento, elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema, em parceria com o ICLEI – Governos Locais pela Sustentabilidade), apresenta o panorama das emissões e remoções de gases de efeito estufa no território cearense entre 2018 e 2023, serve como ponto de partida para a próxima fase da conformidade climática estadual, que prevê o fortalecimento institucional, a definição e o monitoramento de metas, além do estímulo à transparência e à capacitação técnica.

O documento técnico, de acordo com o titular do executivo cearense, dará um diagnóstico preciso, correto. “Para que nós possamos ter política pública que possa reduzir. Não tenho dúvida que uma das ideias, é garantir o recaatingamento. Temos um bioma muito sensível. Nós precisamos garantir que agricultores, proprietários rurais que fazem a preservação da Caatinga possam receber por esses serviços ambientais. Por isso, o Fundo que está sendo proposto pelo Brasil é muito importante, para que a gente tenha efetivamente crédito, condições financeiras de pagar esses agentes ambientais que preservam a Caatinga”, analisou.

O inventário cumpre dispositivos da Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, estabelecidos pela Lei nº 16.146/2016, e reafirma o compromisso do Estado com as agendas climáticas nacionais e internacionais, como a Race to Zero e a Under2 Coalition, no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), organização responsável pela organização da COP30.

A metodologia adotada, Protocolo Global para Inventários de Emissões na Escala da Comunidade (GPC), assegura comparabilidade e transparência dos dados, alinhando o Ceará às melhores práticas internacionais em planejamento climático.

Para a secretária do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Vilma Freire, o inventário marca um passo decisivo na trajetória do Ceará rumo à transição climática. “É um instrumento essencial para orientar políticas e ações voltadas à redução das emissões e à adaptação climática. Que ele sirva como um guia sólido para decisões baseadas em evidências e para o engajamento de toda a sociedade cearense nesta missão coletiva de preservar o planeta”, afirmou.

Entre os três setores que mais contribuíram para o perfil de emissões do Estado, no período analisado, foram o setor de Agricultura Florestas e Uso do Solo, com crescimento de 166%/ seguido pelo de Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU), com alta de 13,3%; e o de Transportes, com 8,2%.

Para a redução, é preciso que o Estado passe a incentivar o reflorestamento e a recuperação de áreas degradadas, amplie a geração de energia renovável e reduza a dependência de combustíveis fósseis.

O inventário ainda será usado para mapear as vulnerabilidades climáticas da região. “Num semiárido já afetado pelos impactos da mudança do clima, o inventário orienta a redução das emissões, a transição energética e o fortalecimento de práticas agrícolas de baixo carbono, valorizando a Caatinga”, diz o secretário executivo do ICLEI, Rodrigo Perpétuo.

 

Setores que mais contribuíram para o perfil de emissões no Ceará

Agricultura Florestas e Uso do Solo (Afolu) - maior fonte de emissões em 2023, devido ao desmatamento e à pecuária. Crescimento expressivo de 166%. Aponta para a necessidade de políticas de uso do solo mais sustentáveis.

Processos Industriais e Uso de Produtos (IPPU) - segundo maior setor fonte de emissões, com alta de 13,3% nas emissões desde 2018. Destaque para a produção de aço e cimento.

Transportes - terceira maior fonte, com crescimento de 8,2%. Modal rodoviário e uso de combustíveis fósseis (gasolina e óleo diesel) são os principais responsáveis.

Energia Estacionária (equipamentos fixos) - apesar de uma queda significativa (–72,5%), ainda depende de combustíveis fósseis e é sensível à matriz energética, anos de alta contribuição estão relacionados com o consumo de carvão em termoelétricas. Energia estacionária refere-se ao fornecimento de eletricidade para equipamentos fixos, sem necessidade de mobilidade.

Resíduos - aumento de 18,6% nas emissões durante o período analisado. Unidades de disposição de resíduos são os maiores emissores; efluentes, incineração e queima a céu aberto também contribuem.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema)

 

Carol Kossling/Especial para O POVO

Enviada a Belém

O que você achou desse conteúdo?