Quais os maiores partidos do Brasil? Quase todo mundo tem na ponta da língua legendas como PMDB, PT e PSDB. Quase ninguém repara numa força poderosíssima desde o fim da ditadura militar, sempre envolvida em escândalos e nunca visada. O Partido Progressista (PP) é um dos quatro maiores partidos do Brasil. Tem bancada federal do tamanho da do PSDB. Foi maior não tem muito tempo. Supera com folga siglas mais famosas e prestigiadas, como DEM, PSB ou PDT. A discrição faz bem ao tipo de negócio.

Nesta semana, o partido se tornou o primeiro a ser alvo, como instituição, de ação da operação Lava Jato. O Ministério Público Federal no Paraná cobrou da legenda e de dez políticos filiados o ressarcimento de mais de R$ 2 bilhões desviados da Petrobras. O pioneirismo do PP tem razão de ser. É o partido com mais políticos investigados. Nas sombras, os “progressistas” superam muitas estrelas da política brasileira - trocadilho opcional. Estava mesmo na dianteira na fila.

Porém, o mais relevante do que ocorreu em relação ao PP é o precedente. Por certo, outros partidos passarão a ser também alvos da operação. Até hoje, partidos ficaram à cavaleiro quando seus membros se envolveram em escândalos. Se beneficiam pelos recursos irregulares. Entretanto, quando alguém é apanhado, no máximo colocam o sujeito para fora e seguem como se não fosse com eles, como se nada tivessem com isso. Não sei se a denúncia contra o PP será acatada, mas a simples apresentação sinaliza mudança em relação a isso.

Com certeza, a ação contra o PP é um experimento. É o primeiro partido, mas não o único nem o principal. A depender do desenrolar, outras legendas serão acionadas. E aí, as estrelas irão entrar. As aves também.

QUEM PREJUDICA A INDÚSTRIA DAS CARNES

É grande o malabarismo do Ministério da Agricultura para tentar conter o impacto para as importações brasileiras da operação Carne Fraca. As restrições se espalharam pelo mundo, com prejuízos bilionários.

De quem é a culpa? Da Polícia Federal, que realiza as investigações? Ou as gigantes do ramo frigorífico, que distribuíram produtos abaixo dos patamares de higiene, subornaram fiscais da vigilância sanitária e abasteceram o caixa de partidos, em relação questionável com o poder?

Houve trapalhada na forma de divulgação, e isso é claro. Não vamos, porém, perder a dimensão de quem cometeu os erros e os desvios. Pelas repercussões, muita gente gostaria que as fraudes tivessem sido varridas para debaixo do tapete.

CAMILO PETISTA?

Leitor do O POVO Online não gostou quando eu disse, na coluna de quarta-feira, que Camilo Santana, petista, referenda a reforma da Previdência do Michel Temer (PMDB). Escreveu Pedro Batista: “Tenha seriedade como jornalista, vc sabe que o governo de Camilo não é petista. Tá querendo enganar besta”.

Mas, ora, faça-me o favor. Para começar, desde o título falei que o governo é do “PT e do PDT”, porque sei que quem mandam mesmo são os pedetistas, que possuem hegemonia na gestão e no Estado. Taí o link para quem quiser ler, para não dizerem que quero fazer alguém de besta:

http://bit.ly/ptreforma

 

Além do mais: o Camilo é filiado ao PT, tem apoio do PT, tem como um dos principais aliados o deputado federal que foi líder do governo da Dilma Rousseff na Câmara. Ele, então, é o quê? Agora, se ele não é petista do jeito que o seu Pedro Batista idealiza que o PT é ou deveria ser, aí é problema do partido ou de quem o idealiza. Eu mesmo não tenho como dizer que o Camilo é do PHS, do PEN ou do PSTU.

Quem quiser apresentar reclamação por ele ser petista não deve vir a este colunista. Melhor ir à Avenida da Universidade, 2189.

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AUTORITARISMO VENEZUELANO

Os opositores aos regimes chavistas carregaram tanto nas tintas em relação ao que consideravam ditadura venezuelana que agora está difícil explicar à população o tamanho do golpe havido lá. Com todas as críticas e limitações — lá como aqui, convenhamos, umas mais outras menos — a Venezuela mantinha algum nível de institucionalidade democrática. Eleições regulares, presidente submetido a referendo revogatório, parlamento sob direção oposicionista. Agora, a Justiça, sobre a qual o governo tem controle, assumiu as funções de Poder Legislativo. Rasgou a Constituição.

Nicolás Maduro atravessou o Rubicão e abriu crise que tem tudo para acabar mal.