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Cineastas cearenses se unem para filmar na França
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Cineastas cearenses se unem para filmar na França

Fato histórico, três longas-metragens cearenses têm sequências filmadas em Paris, num intervalo inferior a duas semanas. O feito é resultado de um consórcio informal firmado entre os cineastas Joe Pimentel, Halder Gomes e Wolney Oliveira
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Joe Pimentel filma em Paris cenas de seu próximo filme, " Antônio Bandeira, o poeta das cores" (Foto: Bruno Pimentel / Divulgação)
Foto: Bruno Pimentel / Divulgação Joe Pimentel filma em Paris cenas de seu próximo filme, " Antônio Bandeira, o poeta das cores"

Entre o Montmartre e a Champs Elysees, os caminhos do cangaceiro pernambucano Lampião e do artista plástico cearense Antonio Bandeira, quem diria, se cruzaram em Paris. Mais ainda, os dois tiveram por companhia uma femme fatale de beleza arrebatadora. O encontro improvável, por óbvio, não foi presencial. Até porque não se tem notícias do Rei do Cangaço flanando pela capital francesa; quando Bandeira chegou à Cidade Luz, em 1946, Lampião já havia sido morto há oito anos; e Antoinette, é este o nome da sedutora dama, nem sequer sonhava em existir. Mas que os caminhos dos três se entrelaçaram por lá é fato. E tão incrível quanto esta possibilidade é o que a causou.

Lampião e Bandeira, figuras históricas, são temas de longas-metragens documentais realizados por cineastas cearenses, cujas filmagens estão ocorrendo nestas semanas em Paris. O primeiro é tema de Lampião, o Governador do Sertão, dirigido por Wolney Oliveira. O segundo, de Antonio Bandeira, o Poeta das Cores, realizado por Joe Pimentel.

Não bastasse a dose dupla de cinema cearense na capital francesa, a cidade também serve de locação para algumas cenas da ficção Vermelho Monet, estreia de Halder Gomes no drama, cuja captação também está marcada para os próximos dias. Justamente as cenas em que a tal Antoinette, personagem criada por Halder e interpretada pela atriz Maria Fernanda Cândido, vai a Paris se encontrar com um colecionador de arte.

Sim, pela primeira vez na história, três longas cearenses estão sendo rodados simultaneamente na Cidade Luz. O fato não é uma coincidência, e sim uma decisão estratégica. Os três diretores tinham planejado filmagens na França para seus longas neste ano. Numa conversa em Fortaleza, Wolney e Joe descobriram que filmariam em Paris com algumas semanas de diferença.

"Eu iria filmar no final de outubro. Aí Joe me falou que estava indo no meio do mês", conta Wolney, em entrevista exclusiva ao O POVO, direto da França. Joe, também de Paris, completa. "Na hora, propus que filmássemos juntos, isso reduziria custos, a gente poderia filmar simultaneamente". Wolney topou a ideia, antecipou seu calendário e os dois decidiram formar essa espécie de combo.

Ao saber que os colegas estariam filmando na cidade, Halder, que está rodando seu novo longa em Portugal, entrou no consórcio. "Para mim, funciona como uma segunda unidade", explica Halder ao O POVO durante intervalo no set de filmagens, em Lisboa. "São alguns planos de apoio e cobertura na capital francesa. Além disso, tem a cena em que Antoinette vai até Paris pra encontrar com lorrain (Matamba Joaquim) um bilionário Franco-angolano".

Com um formato Lego, os filmes têm equipes complementares. Eusélio Gadelha, o Xuxu, assina a direção de fotografia tanto de Lampião quanto de Antonio Bandeira. Neste último, também trabalha na fotografia Bruno Pimentel. Completam a equipe do documentário sobre o artista plástico a produtora Maria Amélia Mamede, da Via de Comunicação, e o pesquisador Valdo Siqueira.

Bruno Pimentel assina a fotografia da segunda unidade de Vermelho Monet, que terá as cenas dirigidas pelo pai, Joe. Já Léo Oliveira, filho de Wolney, faz o som direto de Lampião. (continua nas páginas 36 e 37)

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