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Tensão entre militantes marca depoimento de Moro
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Tensão entre militantes marca depoimento de Moro

| Paraná | Ex-ministro Sergio Moro prestou depoimento ontem na sede da PF em Curitiba
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APOIADORES de Moro e defensores de Bolsonaro se concentraram frente à PF  (Foto: EDUARDO MATYSIAK/AE)
Foto: EDUARDO MATYSIAK/AE APOIADORES de Moro e defensores de Bolsonaro se concentraram frente à PF

O ex-ministro Sergio Moro prestou depoimento ontem, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba no inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar tentativa de interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação. A oitiva durou mais de oito horas.

A investigação foi instaurada pelo decano do STF, ministro Celso de Mello, após as acusações do ex-juiz da Lava Jato em seu anúncio de demissão, na semana passada.

O depoimento foi colhido em meio a um clima de tensão. Sergio Moro chegou à PF na capital paranaense por volta de 13 horas . Antes, pela manhã,Bolsonaro chamou seu ex-ministro da Justiça e da Segurança Pública de "Judas" - o presidente divulgou vídeo nas redes sociais em que uma pessoa não identificada diz ter ouvido vozes de outras pessoas que falariam com Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado a faca contra o então candidato presidencial em 2018 (inquérito da Polícia Federal concluiu que o esfaqueador agiu sozinho).

Ainda pela manhã, ao deixar o Palácio do Alvorada, o presidente evitou a imprensa, mas disse a apoiadores que não será alvo de nenhum "golpe" em seu governo. "Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição. Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não", afirmou.

Durante o depoimento de Moro, grupos de manifestantes pró-governo e a favor do ex-ministro se concentraram na entrada do prédio da PF. Dezenas de bolsonaristas chamaram o ex-ministro de "rato" e "Judas" - a mesma comparação utilizada por Bolsonaro nas redes sociais. Um outro grupo levou faixas de apoio ao ex-ministro e à Operação Lava Jato.

Moro acusou Bolsonaro de decidir trocar o comando da PF para obter informações e relatórios sigilosos de investigações. O Planalto se preocupa com o andamento de inquéritos que apuram esquemas de divulgação de "fake news" e financiamento de atos antidemocráticos realizados em abril, em Brasília.

A troca de comando na PF foi barrada por liminar do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, que viu indícios de desvio de poder na nomeação de Alexandre Ramagem, diretor da Abin, para a chefia da corporação. Ramagem é próximo de Bolsonaro e amigo dos filhos do presidente. A indicação foi anulada pelo Planalto e o presidente ainda estuda recursos contra a decisão. Um grupo de manifestantes pró-Bolsonaro fez um protesto ontem em frente ao prédio onde Moraes possui residência, em São Paulo.

Sergio Moro foi ouvido ontem pela delegada Christiane Corrêa Machado, chefe do Setor de Inquéritos Especiais do STF. O ex-ministro prometeu apresentar provas "em momento oportuno" no inquérito que tramita no Supremo.

Conforme apurou o jornal O Estado de São Paulo, o material juntado pelo ex-juiz da Lava Jato incluiu áudios e inúmeras trocas de mensagens pessoais e de governo trocadas com o presidente pelo WhatsApp. Moro prestou depoimento acompanhado de advogado e não falou com a imprensa ao chegar na sede da PF em Curitiba.

A PGR foi representada pelos procuradores João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita - este último integrou o grupo de trabalho da Lava Jato dentro da Procuradoria-Geral desde a gestão Raquel Dodge.

 

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