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13º salário vai injetar R$ 5,2 bilhões na economia do Ceará
Economia

13º salário vai injetar R$ 5,2 bilhões na economia do Ceará

O valor representa cerca de 2,4% do total no País e 15,6% da região Nordeste. Os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários, detêm fatia de 54,6% do total
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Com 2,7 milhões de trabalhadores prestes a receber o 13º salário, serão R$ 5,2 bilhões a circular no mercado cearense até o fim do ano. O valor corresponde a 3,3% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, de acordo com levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado ontem.

A quantia representa cerca de 2,4% do total pago no País e 15,6% da região Nordeste. Esse dinheiro significa fôlego em meio a uma macroeconomia que ainda engatinha. Grande parte da injeção concentra-se nos setores de comércio e serviços, mas retorna para o Ceará via arrecadação de tributos.

No entanto, a avaliação é que os consumidores podem estar cautelosos em razão dos índices de endividamento e o desemprego que pode ter afetado os familiares. Por outro lado, os setores econômicos estão otimistas e acreditam que a antecipação do saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o 13º aos beneficiários do programa Bolsa Família podem ter ajudado a equilibrar o aproveitamento da quantia, garantindo recursos para as compras deste período.

Têm direito a receber o salário extra os trabalhadores do mercado formal, incluindo empregados domésticos, beneficiários da Previdência Social, aposentados e pessoas com pensão da União e dos estados e municípios. Segundo o economista e supervisor técnico do Dieese no Ceará, Reginaldo Aguiar, o rendimento está 1,8% inferior ao observado em 2018.

"Esse quadro sugere em parte significativa para quitação e negociação de dívidas. A renda das pessoas caiu, a população está endividada. Até para fazer novas compras terão de liquidar as contas passadas, diminuindo o consumo", analisa. Conforme pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), em outubro último, 50,9% dos fortalezenses têm algum tipo de dívida.

Anderson Passos Bezerra, membro do Conselho Regional de Economia do Estado, reitera que o 13º é um importante alavancador socioeconômico e pondera que o Ceará apresenta condições mais favoráveis para o consumo.

"A inflação tem sido controlada. Houve uma freada para consumir, mas a liberação de outros extras também ajudaram a fazer esses pagamentos. Assim, grande parte deve ir para o comércio", enumera.

No Ceará, os empregados do mercado formal, celetistas ou estatutários detêm fatia de 54,6% do montante. Já aposentados do INSS equivalem a 45,4%, enquanto o emprego doméstico com carteira assinada responde por 1,5%.

José Irineu de Carvalho, consultor econômico da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), explica que, embora o recurso não gere receita para as cidades, "traz benefícios por meio do impacto do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS)".

Em relação aos valores que cada segmento receberá, os empregados formalizados ficam com 67,8% (R$ 3,5 bilhões) e os beneficiários do INSS, com 25,2% (R$ 1,3 bilhão), enquanto aos aposentados e pensionistas do Regime Próprio do Estado caberão 5,2% (R$ 268 milhões) e aos do Regime Próprio dos municípios, 1,8%.

O professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e pesquisador em Finanças Pessoais e Comportamentais, Érico Veras Marques, acredita que a renda extra ajuda a liquidar débitos e reorganizar o orçamento, mas aponta que "muita gente é levada pelo emocional" e acaba não praticando o consumo consciente.

 

Números no Brasil

13º salário

R$ 214 bilhões no Brasil

O pagamento deverá injetar na economia brasileira, até dezembro, R$ 214,6 bilhões. Aproximadamente 81 milhões de brasileiros serão beneficiados com rendimento adicional, em média, de R$ 2.451.

O maior valor médio para o décimo terceiro salário deverá ser pago no Distrito Federal (R$ 4.558) e os menores, no Maranhão e no Piauí (R$ 1.651 e R$ 1.647, respectivamente). De acordo com o Dieese, as médias não incluem o pessoal aposentado pelo Regime Próprio dos estados e dos municípios. (Agência Brasil)

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