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O que esperar para o salário mínimo de 2021
Economia

O que esperar para o salário mínimo de 2021

Expectativa é que o valor seja fixado em R$ 1.074 no próximo ano, seguindo a Lei das Diretrizes Orçamentárias, mas valor tende a ficar um pouco acima da inflação
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O salário mínimo serve de referência para aproximadamente 49 milhões de brasileiros (Foto: Arquivo)
Foto: Arquivo O salário mínimo serve de referência para aproximadamente 49 milhões de brasileiros

Diante de uma situação instável pela qual vem passando o Brasil e o mundo, uma pergunta intriga a maioria das pessoas: como ficará o salário mínimo em 2021? Diante da política econômica adotada, o reajuste do salário mínimo está seguindo a inflação do País.

E como neste ano a inflação deverá ficar abaixo do centro da meta, a expectativa é que o reajuste salarial seja menor do que o esperado. De acordo com o portal salariominimo.blog.br, que acompanha a evolução salarial desde a criação do Plano Real, a expectativa é que o salário mínimo seja fixado em R$ 1.074 para 2021, seguindo o Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias.

Luís Filipe Costa Carvalho, CEO do portal, acredita que com a fixação do aumento do salário mínimo, poderá ocorrer um ganho acima da inflação. "O aumento proposto pelo governo é de 3,25%. Ainda não sabemos a dimensão que a pandemia de coronavírus terá sobre a economia, mas as últimas projeções para o IPCA do Boletim Focus apontam para uma inflação de 2,10% em 2020", diz.

Ganho acima da inflação

Dessa forma, o salário mínimo teria um ganho acima da inflação anual, o que resultaria em um maior poder de compras por parte da população para o ano que vem. Em regra geral, o salário mínimo é o menor salário que uma determinada empresa pode pagar para os seus funcionários durante o mês. Ele é estipulado levando em consideração o custo de vida da população, e dessa maneira procura de uma forma ou de outra seguir a inflação.

"Além da inflação, há fatores como a política econômica adotada que interferem no aumento do salário mínimo, se observarmos o ano de 2012 veremos que a inflação no país ficou em 5,84% enquanto que o aumento do salário mínimo foi de 14,13%, o que deixa claro uma estratégia de expansão monetária naquele ano", observa Carvalho.

No ano de 2018, a inflação nacional foi de 3,75% enquanto que o aumento salarial foi de 1,81%, o que resultou em uma diminuição do poder de compra da população. Essa mudança na estratégia da política macroeconômica se deve em parte pelo desajuste fiscal que o Brasil passou nos anos de 2014, 2015 e 2016. Assim sendo, a proposta de reajuste do salário mínimo pelo governo atual baseia-se apenas em correção pela inflação, o que difere da política adotada no governo Dilma Rousseff.

Naquela época foi proposto pelo Governo e aprovado pelo congresso, aumentos de salário mínimo sempre acima da inflação, o que acarretava em ganhos reais e maior poder de consumo pela camada mais baixa da população.

Segundo informações do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo serve de referência para aproximadamente 49 milhões de brasileiros.

Aumento da desigualdade

Algumas outras categorias, porém, possuem um piso salarial próprio, mas que de certo modo acabam se amparando também no reajuste do salário mínimo. Segundo com Luís Filipe Costa Carvalho, os próximos anos também deverão ser de baixo reajuste salarial. Para 2022 a expectativa é que o salário mínimo seja fixado em R$ 1.120 e em 2023 em R$ 1.160.

Com reajustes sem ganhos reais, é possível que as demais categorias também sigam essa mesma lógica. Dessa forma, serão poucas as categorias que conseguirão ter ganhos salariais. É bem provável que isso se resumirá a categorias com profissionais mais qualificados, o que irá colaborar para o aumento da desigualdade social no Brasil.

Mas, se por um lado o aumento do salário mínimo beneficia os trabalhadores, por outro ele tem um forte impacto nas contas públicas. Afinal, os benefícios previdenciários não podem ser menores do que o salário mínimo. Segundo cálculos do próprio Governo, a cada R$ 1 de aumento no salário, há um impacto de R$ 355 milhões em despesas extras no orçamento público. (Agência Estado)

 

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