Um levantamento analisando a eficiência das 22 Coordenadorias Regionais de Saúde de todo o Ceará revela que 10 regiões do Estado possuem 100% de eficiência no combate ao novo coronavírus. Realizado por Paulo Matos, diretor da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade da Universidade Federal do Ceará (UFC), e por Jaime de Jesus Filho, economista-chefe do Tribunal de Contas do Estado (TCE-CE), o estudo compara aparato médico por nível de mortalidade dos pacientes para chegar ao resultado. A Grande Fortaleza, por exemplo, tem índice de 33,6% de eficiência no trabalho contra a Covid-19, o mais baixo dentre os locais pesquisados.
O estudo avaliou os dados divulgados pelo Ministério da Saúde na plataforma Brasil.io, entre os dias 26 de março e 16 de junho. A pesquisa sugere que a média de eficiência das coordenadorias regionais seja de 85%, destacando as regiões de Camocim, Canindé, Cascavel, Caucaia, Crateús, Tauá e Tianguá. Depois de Fortaleza, os piores resultados de eficiência ficam com as regionais de Juazeiro do Norte (50,2%) e Sobral (57,2%).
Os pesquisadores chegaram ao nível de eficiência ao analisar a oferta de respiradores e ventiladores pulmonares, leitos de internação público ou privado, e quantidade de enfermeiros e médicos infectologistas, pneumologistas e clínicos gerais, por polo de saúde de forma independente.
No caso da Coordenadoria Regional de Saúde de Fortaleza, a proporção de oferta de aparato médico apesar de ser a maior de todo o Estado, conta com a menor taxa de sobrevivência dos pacientes, de 90,7%. Já a de Russas teve o melhor resultado, com 97,8% de sobrevivência por caso confirmado.
A pesquisa destaca que a Região de Fortaleza lidera o ranking em termos de respiradores, sendo seguido por Sobral, Juazeiro do Norte e Quixadá, grandes polos hospitalares do Estado. No sentido contrário, das 22 regiões, com exceção das já mencionadas e Baturité, Crato, Aracati e Iguatu, todas as demais operam com menos de 10 respiradores a cada 100 mil habitantes.
Paulo comenta que, apesar de maior infraestrutura e políticas públicas terem sido investidas na Capital, o retorno disso em nível de sobrevivência não tem aparecido, já que possui a menor taxa de sobrevida das 22 coordenadorias de saúde. O estudo determina que a eficiência de uma regional é medida pela capacidade de salvar mais vidas de pessoas acometidas pelo vírus utilizando menos estrutura médica.
Ele ainda acrescenta que o objetivo da pesquisa é auxiliar na condução de políticas públicas durante o período de crise. "O resultado de Fortaleza foi o pior comparado a outras regionais nos resultados de sobrevivência e eficiência. Então, em vez de somente deslocar pacientes, porque não algum tipo de integração de recursos humanos, já que tudo está concentrado em Fortaleza?"
O POVO buscou o posicionamento da Secretaria da Saúde do Estado e do Município sobre o estudo. A municipal delegou a responsabilidade de resposta ao Estado, que não respondeu até o fechamento desta edição.