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Setor de serviços do Ceará apresenta queda de 13,6% em 2020, aponta IBGE
Economia

Setor de serviços do Ceará apresenta queda de 13,6% em 2020, aponta IBGE

Em dezembro do ano passado, a taxa de crescimento no volume de serviços no Estado foi de 1,8%. A quinta alta consecutiva, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE
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Protesto de donos e funcionários de bares e restaurantes, neste mês, em Fortaleza, por conta de restrições de horário estabelecidas para conter a Covid-19 (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Protesto de donos e funcionários de bares e restaurantes, neste mês, em Fortaleza, por conta de restrições de horário estabelecidas para conter a Covid-19

O volume do setor de serviços no Ceará fechou o mês de dezembro do ano passado com crescimento de 1,8%, mas com queda acumulada de 13,6 % durante 2020. O crescimento do último mês do ano, no entanto, foi a quinta alta consecutiva e o 13° melhor resultado entre todos os estados do Brasil. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados ontem, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em comparação com dados do mesmo mês em 2019, a queda apresentada em dezembro foi de 6,1%. No trimestre móvel, a variação foi de -9,5%. A estabilidade observada no setor de serviços no Ceará, em dezembro, está em linha com o que foi observado no Brasil (-0,2%) no mesmo mês. Mas, no comparativo do acumulado de 2020, a queda no País foi menor (7,8%).

No Ceará, o setor de serviços é um dos pilares para a economia estadual. Entre os anos de 2015 a 2018, dados do IBGE apontam que o setor teve participação maior que 75% no valor adicionado por setores, que reúne informações sobre a divisão econômica dos três setores que compõem o Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Em 2018, a área registrou 76,74% da participação total, seguido da indústria, com 18,09%, e agropecuária, com 5,17% de participação econômica.

Entre os cinco grupos de serviços pesquisados pelo IBGE, quatro fecharam em recuo no Ceará em 2020. As maiores perdas foram observadas no segmento de serviços prestados à família (-38,9%). Em seguida aparecem Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-20,7%); Serviços profissionais, administrativos e complementares (-4,8%); e Serviços de informação e comunicação (-0,9%). A categoria Outros serviços registrou variação de 0,5% em relação ao acumulado do ano anterior.

No setor de turismo, o volume de atividades apresentou estabilidade em dezembro no Ceará. O resultado vem após quatro meses seguidos de taxas positivas, período em que acumulou ganho de 128,3%. Mas o crescimento ainda não foi suficiente para retomar o patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020. No acumulado do ano, a queda foi 40,9%.

A vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Circe Jane Teles da Ponte, comenta que a pandemia trouxe inúmeros prejuízos para todos os setores produtivos, com mais impacto para o setor de turismo e eventos. A gestora especula que cerca de R$ 245 milhões deixaram de ser circulados o ano passado com eventos e turismo apenas em Fortaleza. "Tivemos uma paralisação na geração de emprego porque são muitos empregos dentro dessa cadeia produtiva", aponta. No setor, foram impactados principalmente os ramos de restaurantes, transporte aéreo, hotéis, transporte rodoviário coletivo de passageiros, catering, bufê e outros serviços de comida preparada e agências de viagens.

Para os próximos meses, Cirne Jane avalia que o caminho pode ser longo até a total recuperação do setor. "Claro que esse retorno não vai ser fácil, 2021 ainda não é o ano de retomada plena, sabemos que até 2022 e quiçá 2023 a gente ainda vai ter um caminho a percorrer para retomar os índices que tínhamos em 2019, que eram índices que estavam em crescimentos", avalia. (Colaborou Beatriz Cavalcante)

 

 

Brasil tem maior recuo em oito anos em volume de serviços

Os dados consolidados pelo IBGE apontam que o setor de serviços no Brasil registrou queda de 7,8% em seu volume no acumulado de 2020. Esse foi o recuo mais intenso do indicador desde o início da série histórica, em 2012.

O setor também teve quedas na comparação com novembro de 2020 (-0,2%) e em relação a dezembro de 2019 (-3,3%). A receita nominal caiu 7,1% no acumulado do ano e de 2,3% na comparação com dezembro de 2019. Na comparação com novembro, no entanto, houve crescimento de 0,7% na receita.

Os serviços prestados às famílias tiveram o maior impacto na queda: -35,6%. O resultado veio de atividades como restaurantes, hotéis e de condicionamento físico.

Também apresentaram redução no volume os segmentos de serviços profissionais, administrativos e complementares (-11,4%), de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (-7,7%) e de informação e comunicação (-1,6%).

O único dos cinco segmentos com alta no volume em 2020 foi o setor de outros serviços (6,7%), impulsionado, em grande parte, pelo bom desempenho das empresas que atuam nos segmentos de corretoras de títulos, valores mobiliários e mercadorias; administração de bolsas e mercados de balcão organizados; atividades de administração de fundos por contrato ou comissão; recuperação de materiais plásticos; e corretores e agentes de seguros, de previdência complementar e de saúde.

Nos dados consolidados de 2020, os estados que estão tendo maior dificuldade de recuperação no setor de serviços são Alagoas (-16,1%), Rio Grande do Norte (-15,7%) e Sergipe (-15,1%). Por outro lado, os melhores desempenhos em 2020 foram observados no Amazonas (0,5%), Rondônia (0,3%) e Pará (-0,5%).

 

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