Pelo terceiro mês consecutivo, o Ceará registrou queda nas exportações. Em janeiro, foi movimentado o montante de US$ 105,8 milhões, o menor nível para o mês em cinco anos. São US$ 31,1 milhões a menos do que o exportado em dezembro e uma redução de 48% em relação ao mesmo período de 2020. A queda na procura por produtos siderúrgicos, calçados e materiais elétricos, no mercado global, puxam o resultado.
Os dados são do estudo Ceará em Comex, divulgado pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec). O desempenho das exportações cearenses no mês de janeiro deste ano só não foi pior do que o observado no mesmo mês de 2016, quando foram exportados apenas US$ 77,6 milhões.
O grupo de “ferro fundido, ferro e aço”, que é o principal setor exportador do estado, sofreu retração de 77%, realizando US$ 23 milhões em exportações no primeiro mês de 2021. Do setor, o principal produto exportado “Outros produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado, de seção transversal retangular, que contenham, em peso, menos de 0,25 % de carbono”, apresentou uma redução de 73,2%, totalizando US$ 22,7 milhões.
Também tiveram queda expressiva os setores de calçados (-43,5%) e o de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, e suas partes (-45,3%). Neste último, a diminuição se deu, principalmente, em consequência da redução nas vendas do grupo de produtos “Partes de outros motores/geradores/grupos eletrogeradores, etc”, que são destinados, principalmente, para parques de geração de energia eólica, que registrou queda de 46,7% e fechou o mês com US$ 11,9 milhões em exportações.
A gerente do CIN, Karina Frota, explica que, de modo geral, este resultado reflete o comportamento do mercado global, que ainda vem sendo fortemente impactado pela crise sanitária. Além disso, o aumento no preço dos fretes e dificuldades logísticas, como redução no número de linhas marítimas e de contêineres, também influenciam na produção cearense.
“Para se ter uma ideia, em alguns países, por conta da pandemia, este tempo de devolução de contêineres aumentou em mais ou menos seis dias. O que fez com que, em vários portos no mundo, a movimentação ficasse mais lenta.”
Por outro lado, Karina destaca o crescimento na ordem de 60,5% no setor de “Frutas; cascas de frutos cítricos e de melões”, que iniciou o ano somando US$ 21,7 milhões em exportações. Dos principais produtos exportados pelo setor, os “melões frescos” foram as frutas mais procuradas no estado com crescimento no período de 133,1% (US$ 10,9 milhões).
As importações também apresentaram desempenho negativo no mês, registrando US$ 237,2 milhões e queda de 8% se comparado com o mês de janeiro de 2020.
O principal setor da pauta de exportação, o de combustíveis minerais, registrou queda de 41,6%. Neste segmento, os principais produtos importados são o gás natural liquefeito e a hulha betuminosa (tipo de carvão mineral muito usado pela indústria).
Dentro do setor de materiais elétricos, chama atenção o aumento significativo na importação de “células solares em módulos ou painéis” e “Partes de outros motores/geradores/grupos eletrogeradores, etc”, com crescimentos de 4.643,9% e 56,3%, respectivamente. E, dentre os cereais, o trigo e suas misturas (17,4%).
Com a queda tanto nas exportações, como nas importações, o saldo da balança comercial do Ceará em janeiro ficou negativo em US$ 131 milhões.