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Fortaleza tem a maior prévia da inflação de fevereiro entre capitais brasileiras
Economia

Fortaleza tem a maior prévia da inflação de fevereiro entre capitais brasileiras

Nos primeiros 15 dias de fevereiro, o resultado na Capital foi de alta de 0,95%, puxado pelo segmento de gastos com Educação, que variou em 7,44%
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Previa da inflacao em Fortaleza (Foto: Previa da inflacao em Fortaleza)
Foto: Previa da inflacao em Fortaleza Previa da inflacao em Fortaleza

O resultado de Fortaleza no índice prévio da inflação de fevereiro isolou a região metropolitana da Capital com a maior variação dos preços dos produtos em todos os critérios analisados. Em fevereiro, a alta é de 0,95%, praticamente o dobro da média nacional no mesmo período, de 0,48%. Em 12 meses, o índice inflacionário supera 6,4%, o maior do País com sobras para as demais capitais. Nos dois meses de 2021, o acumulado já chegou a 1,93%, enquanto o índice nacional é de 1,26%.

O resultado de Fortaleza foi puxado pelo segmento de gastos com Educação, que variou em 7,44%, principalmente por causa da alta dos cursos regulares (8,86%). Outras altas significativas que influenciaram o resultado foram da taxa de água e esgoto, de 6,12% no mês, após o impacto do reajuste de 12,25% passar a valer em 29 de janeiro. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), divulgado ontem, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segmento de gastos com Educação variou em 7,44%, principalmente por causa da alta dos cursos regulares (8,86%)
Segmento de gastos com Educação variou em 7,44%, principalmente por causa da alta dos cursos regulares (8,86%) (Foto: AGÊNCIA BRASIL)

O aumento das despesas fez com que a relação de dez anos entre Jardenia da Silva e a escola onde sua filha estudava chegasse ao fim após atualização nos valores das mensalidades, que para Jardenia passaram a ser exorbitantes "A partir da pandemia houve um excessivo aumento da mensalidade, ano passado eu pagava em torno de R$ 600 e agora pulou para quase R$ 800", relatou.

Cursando o sexto ano do ensino fundamental, a estudante Yasmin da Silva tem 11 anos e só havia estudado em uma única instituição de ensino desde o início da vida escolar. Jardenia pontua que a vontade era de manter a filha na mesma escola, mas que sentiu a necessidade de retirar a filha da escola por conta do aumento "abusivo" nas mensalidades e materiais escolares.

"Só de livros seriam R$ 2 mil, completamente fora da realidade. O reajuste foi para além do que a gente tá sempre recebendo, veio logo em janeiro de uma forma assustadora", comenta. Ela afirma que o peso no orçamento foi ainda maior diante da elevação dos preços de outros itens de necessidade básica. "Aumentaram os gastos com tudo, com alimentação, com consumo de energia, de água, tudo aumentou, a única coisa que se manteve foi o salário", relata.

Jardenia trabalha como professora de educação infantil na rede municipal de Fortaleza e pontua entender a necessidade dos reajustes e dos custos da escola, mas relata insensibilidade por parte das escolas particulares. "Faltaram iniciativas de acordos em comum entre as partes envolvidas, faltou buscar encontrar soluções já que todos estamos vivendo essa situação delicada da pandemia", frisa em tom de indignação.

O economista e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Vicente Férrer, lembra que o que puxou a inflação durante 2020 foi o segmento de alimentação, que agora deu trégua por causa do período de safra de muitos dos produtos. Agora, a educação é o grande problema.

"Uma alta significativa para o orçamento, pois a família cearense prioriza muito a educação, tanto que vemos escolas cearenses com resultados expressivos nacionalmente", observa.

"É um conjunto de fatores que está impactando a população continuamente. Já temos casos de preços proibitivos para o consumo, fora quando são os consumos essenciais, como alimentação, educação e saúde, em que o consumidor não consegue fugir das altas", diz o economista. (colaborou Alan Magno/ Especial para O POVO)

 

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