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Fortaleza atinge o maior número de hospitais com 100% de ocupação de UTIs
Economia

Fortaleza atinge o maior número de hospitais com 100% de ocupação de UTIs

É a primeira vez no ano em que o número de unidades de saúde na Capital com UTIs lotadas passou de nove. Hospital da Unimed tem maior número de internações em 24h desde 16 de maio de 2020
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Hospital São José foi um dos que teve ampliação de leitos de UTI em Fortaleza. (Foto: FABIO LIMA)
Foto: FABIO LIMA Hospital São José foi um dos que teve ampliação de leitos de UTI em Fortaleza.

O mês de março começou rompendo a média de hospitais que alcançaram os 100% de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva exclusivas para Covid-19 na Capital: enquanto em janeiro a média foi de quatro unidades lotadas diariamente, fevereiro teve seis, alcançando o máximo no dia 25, quando nove unidades ficaram sem leitos vagos de UTI. O primeiro dia do mês indicou que 10 hospitais públicos e particulares estavam sem vagas de UTI e ontem esse número já havia saltado para 12. Foi a primeira vez no ano em que a quantidade diária de hospitais sem vagas chegou a esta marca. As informações foram obtidas na atualização das 20h03min da plataforma IntegraSUS, mantida pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).

As instituições com UTIs lotadas ontem foram: Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, Hospital Monte Klinikum, Hospital Infantil Albert Sabin, Casa de Saúde e Maternidade São Raimundo, Instituto Praxis, Hospital São José de Doenças Infecciosas, Hospital Universitário Walter Cantídio, Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann, Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, Hospital São Carlos e Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

A média geral de ocupação de UTIs dos hospitais do Município era de 89,93%, com 92,4% das UTIs adulto. No Estado, a taxa era de 88,6% e 91,34%, respectivamente.

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A situação também é crítica na rede privada. O Hospital Regional da Unimed (HRU) teve 45 internações de pacientes com Covid-19 entre meio-dia de segunda-feira, 1º, e meio-dia de ontem, 2. Foi o maior número da unidade desde 16 de maio de 2020, auge da pandemia. Somente ontem foram atendidas 335 pessoas com suspeita da patologia, segundo maior número desde o início das infecções pelo novo coronavírus em Fortaleza. Os dados foram divulgados ontem pelo presidente da cooperativa, Elias Leite.

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546 pacientes estavam internados até ontem em todas as unidades da rede da Unimed Fortaleza (28 a mais do que na segunda-feira). Outros 175 estavam nas UTIs e 118 utilizando respiradores.

O hospital de campanha da empresa, construído pela segunda vez devido ao aumento nos números da pandemia, estava atendendo 28 pacientes. Uma terceira ala recebeu seu primeiro paciente na noite de ontem.

Em vídeo, Elias Leite alertou a população em relação às limitações dos sistemas de saúde, públicos e privados. "A nós, como cidadãos, cabe diminuir a exposição ao risco. É um pedido de ajuda, pessoal. Porque a gente está vendo a velocidade com que os números estão crescendo, e as estruturas de saúde são finitas, elas têm uma capacidade limitada. É o momento de todo mundo unir forças", disse o médico. (Com Mateus Brisa)

 

Recorde de mortes é registrado no Brasil

Dados atualizados pelo Ministério da Saúde, foram contabilizados 1.641 óbitos de segunda-feira,1º, para ontem,2, no País em decorrência da doença, elevando o total de vítimas para 257.361

O número de registros em um dia supera a marca anterior de 1.595 mortes, verificada em 29 de julho de 2020, de acordo com os dados do Ministério da Saúde. O recorde é atingido em um momento em que o País enfrenta uma explosão de casos do coronavírus e Estados e municípios apresentam elevadas taxas de ocupação de UTIs. Nas últimas 24 horas, o País contabilizou 59.925 novos casos de Covid-19, elevando o total para 10.646.926.

No Ceará, em um momento caracterizado como "segunda onda", os casos confirmados de Covid-19 chegaram a 430.184, enquanto os óbitos somam 11.348. Os dados são do boletim epidemiológico atualizado às 13h43min desta terça-feira, 2, na plataforma IntegraSUS, da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).

Há ainda 316.196 pessoas que se recuperaram da doença no Ceará. E mais 49.948 casos estão sob investigação, aguardando resultado de exames já colhidos.

A taxa de letalidade, atualmente, é de 2,6%. No começo de maio de 2020, a taxa era de 7,7%. Foram realizados até agora 1.437.809 exames.(com Agência Estado)

Base Aérea de Anápolis ,novo coronavírus,avaliações clínicas, coronavírus, covid-19, repatriados
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Com casos no Ceará, nova variante do coronavírus pode causar reinfecção, aponta estudo

A variante brasileira do coronavírus que emergiu no fim de 2020, associada aos casos em Manaus, pode ser até 2,2 mais infecciosa que a tradicional cepa, além de driblar o sistema imunológico de pacientes que já tiveram a doença, levando a uma reinfecção. Segundo pesquisa feita por pesquisadores da Universidade de Oxford e Universidade de São Paulo, ainda sem revisão acadêmica, em um grupo de pessoas que já possuem anticorpos contra o vírus da linhagem original do Sars-Cov-2, entre 25% a 61% pacientes tiveram uma nova infecção.

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O estudo é baseado na análise do material genético de 184 amostras de vírus colhidas entre novembro e janeiro. Com o cruzamento de dados genômicas do vírus e os números da epidemia, a pesquisa sugere que a variante do vírus é mais transmissível e pode causar reinfecção. A pesquisa foi anunciada na última sexta-feira, 26, e é liderada pelo cientista português Nuno Faria, da Universidade de Oxford, em colaboração com Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP).

No trabalho, os pesquisadores apontam que o surgimento e a rápida disseminação da nova variante podem explicar a segunda onda de emergência em Manaus, que levou à sobrecarga do sistema de saúde. Segundo eles, a P.1, como é chamada a nova cepa, emergiu no início de novembro, mais de um mês antes de ser inicialmente detectada, e em apenas sete semanas se tornou dominante na região. "Na verdade, houve muito mais casos do que no pico anterior, que havia sido no final de abril", disse o Dr. Faria ao jornal The New York Times. 

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"A análise do relógio molecular mostra que P.1 emergência ocorreu por volta do início de novembro de 2020 e foi precedida por um período de mais rápido evolução molecular. Usando um modelo dinâmico de duas categorias que integra genômica e dados de mortalidade, estimamos que P.1 pode ser 1,4-2,2 vezes mais transmissível e capaz de evitar 25-61% da imunidade protetora provocada por infecção anterior com linhagens não P.1", afirma o texto.

Os pesquisadores apontam também que estudos para avaliar a eficácia da vacina em resposta ao P.1 são urgentemente necessários. Os estudiosos afirmam ainda que até uma ampla parte da população ser vacinada, intervenções não farmacêuticas e as medidas sanitárias, como uso de máscara e distanciamento social, devem continuar a desempenhar um papel importante na redução do surgimento de novas variantes.

O P.1 está se espalhando pelo resto do Brasil e já foi encontrado em outros 24 países e tem preocupado cientistas. Liderado por pesquisadores brasileiros de instituições como USP e Unicamp, uma outra pesquisa sugere que a nova variante pode escapar dos anticorpos produzidos pela Coronavac, vacina da farmacêutica Sinovac fabricada pelo Instituto Butantan, principal imunizante usado na campanha de vacinação contra a Covid-19 no País. O artigo foi publicado nesta segunda-feira, 1º, na página de pré-prints, artigos ainda não revisados por outros cientistas, da revista científica The Lancet.

Outro estudo apresentado por pesquisadores da Fiocruz mostrou que os pacientes infectados pela variante brasileira P.1 têm uma carga viral dez vezes maior do que adultos infectados por outras variantes do vírus.

No Ceará

No Estado, o número de pacientes com a nova variante está aumentando. Segundo secretário da Saúde do Estado, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, a análise do sequenciamento de novos casos suspeitos da variante de Manaus do novo coronavírus está praticamente concluída e o número deve aumentar.

Em menos de uma semana, foram contabilizados mais 51 casos suspeitos da nova variante. Até o último dia 24, 190 casos suspeitos de infecção pelo nova forma do vírus estavam sendo analisados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Ceará e no Amazonas, por meio de sequenciamento total. Mais 51 foram informados nesta segunda-feira, 1º, totalizando 241.

Esse casos estão sendo monitorados pela Secretaria da Saúde (Sesa) e as amostras foram enviadas para análise. Até o momento, apenas três casos foram confirmados e há 13 mortes sendo investigadas para a variante.

O estudo brasileiro começa a analisar dados concretos e coincidem com o que tem sido identificado nas linhas de frente. "Essa mutação pode estar interferindo no perfil que estamos vendo, de um nível de contágio muito maior, de uma população mais jovem com formas mais graves da doença e com tempo de entrada na fase inflamatória um pouco mais demorado", explica o titular da pasta.

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