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Empresas cearenses negociam acordos coletivos à espera de programa federal
Economia

Empresas cearenses negociam acordos coletivos à espera de programa federal

Representantes de setores do comércio, indústria e hotelaria no Ceará destacam que, com baixa arrecadação e pouco capital em caixa, demissões generalizadas podem se concretizar
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 RICARDO Cavalcante, presidente da Fiec, diz que indústria pede urgência na aprovação do BEm e expressa preocupação ante o cenário de agravamento da pandemia 
 (Foto: CNI/José Paulo Lacerda/Direitos reservados)
Foto: CNI/José Paulo Lacerda/Direitos reservados  RICARDO Cavalcante, presidente da Fiec, diz que indústria pede urgência na aprovação do BEm e expressa preocupação ante o cenário de agravamento da pandemia

Diante do anunciado retorno da medida que permite a redução de jornadas e salários e viabiliza a suspensão do contrato de trabalho, as ações regulamentadas pelo Benefício Emergencial para Preservação do Emprego e da Renda (BEm) são vistas como alternativa para evitar uma onda de demissões em massa no Ceará. Conforme O POVO apurou, por ora, a alternativa das empresas para segurar desligamentos é partir para acordos coletivos.

Ainda sem data para retorno em 2021, o BEm deve passar por reformulações antes de entrar em prática novamente, conforme presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), afirmou na quinta-feira, 25, durante uma cerimônia no Palácio do Planalto.

O Governo Federal espera assegurar 11 milhões de postos de trabalho com a reimplementação dos acordos, que devem ter grande adesão no Ceará. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Estado (ABIH-CE), Regis Nogueira, define o retorno do BEm como fundamental.

“Não temos mais fôlego, estamos com ocupação praticamente zero. Diferentemente do ano passado, quando tínhamos o saldo positivo de 2019, neste ano nosso caixa zerou. Sem esses acordos, além das demissões generalizadas, as empresas irão falir”, detalhou.

Regis estima que, em 2020, houve demissão de até 40% dos trabalhadores do setor hoteleiro no Ceará e que frente a um novo avanço da Covid-19 e do retorno da necessidade de medidas mais restritivas para se combater o vírus, cortes de até 10% da equipe já ocorreram no primeiro trimestre de 2021.

No comércio, a medida também está sendo aguardada “ansiosamente”. Enquanto não é publicada, a criação de acordos coletivos tem sido a alternativa para tentar minimizar os efeitos negativos, conforme detalha Eduardo Pragmácio, consultor jurídico da Fecomércio do Estado.

“Esse programa e essas medidas são relevantíssimos, especialmente neste momento de pandemia, desta segunda onda, porque faz com que os empresários possam manter a força de trabalho”, detalha Eduardo ao frisar que além de evitar demissões em massa no setor, os acordos asseguram um rendimento mínimo aos funcionários, para que estes se resguardem em casa.

O BEm foi implementado pela primeira vez ainda em 2020 e perdeu validade no último dia do ano passado. Estima-se que, durante seu período de atuação, foi responsável por preservar cerca de 10,2 milhões de empregos e evitar a declaração de falência de mais de 1,5 milhão de empresas.

Para 2021, conforme analisa o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante, o retorno do programa não pode demorar mais. “Ele vem em um momento em que vivenciamos, novamente, medidas de isolamento e, com isso, a queda no nível de atividades econômicas. Além disso, temos algo mais agravante, a subida da inflação”, afirma.

Com relação à atividade industrial no Estado, Ricardo expressa preocupação ante o cenário de agravamento da pandemia e aumento da instabilidade econômica e pondera que se nada for feito, viveremos uma “estagnação econômica com inflação”.

Ele define ainda como “muito importante” políticas de liberação de crédito para empresas com baixos juros e um maior amparo do poder público frente a necessidade da preservação de empregos pelos segmentos econômicos. Ainda cobra celeridade na imunização das pessoas como meio para que a economia possa, de fato, iniciar uma retomada gradual e efetiva.

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