Embora a primeira empresa brasileira de telecomunicações a trabalhar como rede neutra, espécie de atacado para empresas provedoras de internet, tenha sido criada em meados do ano passado, será o processo de implantação da tecnologia 5G no País o que mais deve impulsionar esse modelo de negócio.
Essa é a avaliação de dois representantes da V.tal consultados pelo jornal O POVO. A empresa nasceu aproveitando a infraestrutura de fibra da Oi. Para o diretor comercial da empresa, Pedro Arakawa, “as redes neutras são hoje o modelo mais eficiente para sustentar a crescente demanda dos consumidores por conexão com altíssima velocidade e confiabilidade. Por definição, redes neutras devem ter capacidade para atender vários operadores de telecom e provedores regionais de forma isonômica e com flexibilidade para captar recursos necessários à implantação de infraestrutura”.
Ele acrescenta que “por conta delas, nos próximos anos estaremos vivendo uma aceleração do processo de digitalização no País. E, com a proximidade da implantação da tecnologia 5G, a importância do desenvolvimento das redes neutras aumenta, já que a nova tecnologia irá exigir uma maior capacidade de transmissão e infraestrutura de fibra óptica. Redes neutras já são uma realidade no exterior, principalmente na Europa, onde movimentos de segregação estrutural ocorrem há longo tempo”.
Por sua vez, o diretor de Marketing da V.tal, Rafael Marquez, destaca que atualmente a empresa conta com 670 mil “casas passadas” (ou seja, domicílios prontos para serem conectados) no Ceará e 14 milhões no Brasil. “A gente pretende chegar a 32 milhões de ‘casas passadas’ no País até 2025. Então, é um investimento que aumentará nossa capilaridade para chegar em regiões onde a gente tinha o chamado deserto digital”, projeta.
Marquez afirma que o mercado potencial para as redes neutras no Brasil é atualmente de 15 a 20 mil clientes, que são pequenos provedores regionais. “Essas empresas não têm que construir, elas vão alugar infraestrutura. Então, no nosso caso, por exemplo, a gente vai cobrar por casa conectada. O provedor só vai pagar uma mensalidade em cima da daquele serviço em que ele já tem um assinante por trás”, explica.
“É um modelo ganha-ganha, muito de parceria mesmo. A gente só vai ter sucesso se os provedores clientes tiverem também. A rede neutra democratiza e acelera a expansão para novas regiões”, conclui.
(colaborou Samuel Pimentel)
Fibra
Avaliada em mais de R$ 20 bilhões e com cerca de 400 mil km de rede distribuídos entre as cinco regiões do País, a V.Tal, rede neutra da Oi, projeta alcançar 32 milhões de domicílios até 2025