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Energia e passagem aérea fazem inflação desacelerar na Grande Fortaleza
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Economia

Energia e passagem aérea fazem inflação desacelerar na Grande Fortaleza

IPCA saiu de 0,38% em setembro para -0,02% em outubro, segundo apontou o IBGE. Mas sensação do consumidor é de persistência nos preços caros, avalia economista
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ENERGIA elétrica puxou a queda da inflação na Grande Fortaleza (Foto: FCO FONTENELE)
Foto: FCO FONTENELE ENERGIA elétrica puxou a queda da inflação na Grande Fortaleza

A mudança na bandeira tarifária de energia de vermelha patamar 2 para vermelha patamar 1 entre setembro e outubro deste ano e a redução no preço das passagens aéreas que envolvem a capital cearense fizeram com que a inflação recuasse na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) no último mês.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) saiu de 0,38%, em setembro, para -0,02% em outubro sob influência direta dos grupos de consumo de Habitação e Transporte. Os dois, juntamente com Comunicação, foram os únicos dos nove analisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a recuar no período.

No estudo, o IBGE avalia o consumo de famílias cujos rendimentos variam de 1 a 40 salários mínimos. Neste recorte, indica o economista Ricardo Coimbra, "observa-se uma queda do ritmo de crescimento do processo inflacionário, que se mostra mais efetiva".

Variação mensal por grupo de consumo em outubro na RMF

  • Habitação: -0,70%
  • Transportes: -0,27%
  • Comunicação: -0,13%
  • Educação: 0,01%
  • Despesas pessoais: 0,01%
  • Alimentação e bebidas: 0,14%
  • Artigos de residência: 0,38%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,51%
  • Vestuário: 0,54%

Entre os subgrupos de Habitação, a energia elétrica residencial registrou a principal redução, de -4,82% entre setembro e outubro. Já com cobrança extra devido a pouca água nas barragens hidrelétricas, a conta de luz teve uma redução.

A saída da bandeira vermelha patamar 2, na qual se R$ 0,07877 por quilowatt-hora (kWh), para a bandeira vermelha patamar 1, quando há o acréscimo de R$ 0,0446 por kwh consumido, explica a retração.

Já no subgrupo de Transportes, o item de maior retração entre setembro e outubro de 2025 foi passagem aérea, de -3,40%.

Sensação de carestia persiste

Mas o processo de desaceleração não tem surtido efeito na sensação do consumidor ao ir às compras, uma vez que "ainda observa uma parte significativa dos produtos subindo", segundo avalia Coimbra.

"Os preços já estão em um patamar muito elevado e a sensação de redução é pequena, como foi visto em alimentos como a laranja, o arroz e até o café. Isso não gera a sensação de que está tendo uma queda tão significativa", explica.

Para se ter um entendimento geral de que a inflação está realmente menor, indica o economista, é preciso uma série de recuos sucessivos e de forte impacto no indicador.

"A sensação do indivíduo de modo geral é de que a inflação ainda ocorre, porque ela ocorre. Mesmo estando em um nível mais baixo e lento", acrescenta. No ano, a inflação de Fortaleza acumula alta de 3,46%.

Menor inflação para outubro em 27 anos no Brasil

A conta de luz, juntamente com os alimentos, também foi decisiva para que a inflação nacional alcançasse o menor índice para outubro em 27 anos, segundo indicou o governo federal. No período, o percentual do IPCA foi de 0,09%.

“A título de ilustração, o resultado do índice de outubro sem considerar o grupo dos alimentos e a energia elétrica ficaria em 0,25%", explica Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.

Na análise regional, segundo o IBGE, os índices apontam que a maior variação foi registrada em Goiânia (0,96%). Já as menores variações foram registradas em São Luís e em Belo Horizonte - ambas em -0,15%.

Inflação não deve frear juros

Perguntado se a diminuição do ritmo da inflação observado em outubro deve pressionar o Banco Central (BC) para reduzir a taxa básica de juros (Selic), o economista Ricardo Coimbra avalia que uma mudança no movimento do BC só deve ser vista em março de 2026.

"A meta de inflação está em 3%. O teto da meta é 4,5%. O foco do Banco Central é atingir o centro da meta e a diretoria acha que está distante disso Então, esse índice de inflação de outubro ajuda a perspectiva de que a tendência é de que há convergência para ir ao centro da meta. Isso acontecendo dá um indicativo de que, no ano que vem, na reunião de março, haja a possibilidade de reduzir os juros", analisou.

Coimbra diz que o Comitê de Política Monetária (Copom) acredita que o recuo da inflação é efeito da manutenção dos juros altos e deve manter isso até ver mais consistência na redução do processo inflacionário no País.

Inflação: o que é, de onde vem e como se proteger? | Dei Valor

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