Primeira casa de Ceará e Fortaleza nos jogos das equipes, o Castelão ainda tem momentos de incerteza quanto ao futuro. Isso porque o processo de licitação para o novo contrato de concessão administrativa do equipamento segue em trâmite, com prazo inicial estipulado tendendo a ser esgotado.
Na gestão anterior da então Secretaria do Esporte do Estado, o período estipulado para definição da nova gestão seria até setembro deste ano, momento em que Ceará e Fortaleza iriam encerrar a gestão compartilhada com o Governo do Gigante da Boa Vista. Ao O POVO, o atual titular da Secretaria do Esporte e Juventude do Estado (Sejuv), Rogério Pinheiro, informou que o processo de licitação "foi enviado ao Tribunal de Contas (do Ceará) e retornou para a Sejuv para que adequações a pedidos do TCE fossem feitas, para, então, mandar novamente para o Tribunal e para a Central de Licitações do Ceará".
Tal adequação necessária é em relação à Lei Nº 16.873, de 10 maio de 2019, que trata sobre o comércio e consumo de bebidas alcoólicas nos Estádios, segundo informou a assessoria da Sejuv.
A Central de Licitações da Procuradoria Geral do Ceará informou que licitações na modalidade "Concorrência" levam pelo menos 30 dias para irem à primeira sessão. Esse prazo é de divulgação do edital e só após este período que o concurso em si começa. O tempo que se leva para terminar o processo após esse tempo não é possível determinar, segundo o órgão.
A assessoria da Sejuv confirmou, via e-mail, que a licitação será realizada na categoria Concorrência Internacional.
O mês de agosto já está no fim e o de setembro tem exatamente 30 dias — mesmo período que é necessário apenas para divulgação pública do edital. Portanto, o prazo estipulado pela gestão anterior não deve ser cumprido. O POVO perguntou se a data limite seria mantida pela Sejuv, mas não obteve resposta, apenas que o processo "está em fase final".
Ceará e Fortaleza, então, devem continuar gerindo a Arena Castelão em dias de jogos até depois do mês de setembro — inicialmente era esperado que este seria o prazo final. Contudo, a vontade dos dois clubes era de que a administração compartilhada continuasse.
Em contato com O POVO, o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, disse que "a intenção era de que o modelo atual continuasse". "O modelo anterior era péssimo para os clubes, porque os times não tinham liberdade. Qualquer ação a mais tinha custo, como a fan fest que fazemos agora, ou qualquer outro serviço para o torcedor. Não tínhamos controle dos preços de vendas de água, salgados, refrigerantes e derivados, que eram vendidos a valores altos. Os torcedores reclamavam e nós não tínhamos o que fazer. Com a nossa entrada, conseguimos reduzir", declarou.
O presidente do Ceará, Robinson de Castro, confirmou conversa com o Estado para que a ideia de gestão atual continuasse.
Atualmente, os dois maiores times do Estado têm controle sobre estacionamentos, vendas de produtos dentro do estádio e exploram os naming rights (direito de nomeação) do Castelão — quando o Ceará é mandante, o estádio vira Arena Vozão; quando é o Fortaleza, é Arena Leão 1918 —, além do uso do campo. Marcelo Paz defende que o modelo atual, com essas características, é "melhor para os torcedores e para o futebol cearense".
Esses controles citados, porém, em tese vão ser repassados para a nova gestora, após o fim do processo licitatório.
O novo concurso para concessão do Castelão prevê contrato de 20 anos, com modelo de Parceria Público-Privada. O Estado investirá R$ 214,6 milhões durante as duas décadas.