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Ceará e Fortaleza valorizam sócio-torcedor em meio à pandemia do coronavírus
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Ceará e Fortaleza valorizam sócio-torcedor em meio à pandemia do coronavírus

Com calendário do futebol brasileiro paralisado, receita dos programas de sócios ajudam clubes em momento de incertezas
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Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, e Robinson de Castro, mandatário do Ceará (Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo)
Foto: Deísa Garcêz/Especial para O Povo Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, e Robinson de Castro, mandatário do Ceará

Ceará e Fortaleza paralisaram todas as atividades do futebol profissional e das categorias de base, atendendo as recomendações do Ministério da Saúde por quarentena para diminuir os riscos de infecção do coronavírus. Com calendário de competições incerto devido ao avanço da covid-19, as diretorias de Vovô e Leão valorizam a importância do programa de sócio-torcedor num momento tão delicado.

"O programa de sócio, talvez, seja a receita mais importante do clube", afirmou o presidente do Ceará, Robinson de Castro, ao O POVO.

O mandatário alerta sobre o momento "obscuro" e de incertezas no futebol provocado pelo novo coronavírus. A paralisação pode atingir contratos do clube. Sem jogos para expor patrocinadores e a gerar receitas com bilheteria, além das cotas das competições, o programa de sócio-torcedor é vital.

Até ontem, o Fortaleza tinha 34.853 sócios-torcedores
Até ontem, o Fortaleza tinha 34.853 sócios-torcedores (Foto: Mateus Dantas, em 14/04/2019)

"Será a receita mais certa que vamos ter. Não sabemos como vai se comportar o mercado e os contratos que nós temos. Mas o fato é que o torcedor e, principalmente, aquele que aderir ao programa de sócio realmente vai estar ajudando na manutenção das nossas operações, mesmo que mínimas, num momento de muita dificuldade", comentou o dirigente alvinegro.

O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, ressalta a importância dos sócios-torcedores do clube lembrando outro momento de pausa no calendário de jogos da equipe. "Será uma fonte de receita importante assim como foi no ano passado, quando (o Brasileirão) parou para a Copa América", comentou.

"A vantagem de ser sócio, que paga ingresso mais barato, e o clube, em período que não há jogos, possui uma receita perene", acrescentou o mandatário tricolor.

Marcelo Paz reforça ainda que nenhuma competição foi cancelada. A previsão é de que as partidas dos torneios deste primeiro semestre sejam realizadas quando o risco de infecção por coronavírus seja controlado. "O torcedor também não terá perda do produto", completou.

Atualmente, o Ceará possui 22.061 sócios-torcedores ativos, enquanto o Fortaleza tem 34.853. Os clubes disponibilizam os números em tempo real nos sites de seus programas de fidelidade para a torcida.

Já o Ceará acumula 22.061 sócios do seu novo programa
Já o Ceará acumula 22.061 sócios do seu novo programa (Foto: Mateus Dantas, em 08/04/2018)

Fernando Ferreira, sócio-diretor da Pluri Consultoria, empresa referência em pesquisas sobre o futebol, vê o programa de sócio como uma alternativa neste momento para amenizar a crise na economia. Para o especialista, o cenário vivenciado no esporte durante a quarentena não é diferente de outros setores como comércio, mas enfrenta situação menos alarmante.

"O clube está com parte da receita adiada ou perdida, mas não tudo. O sócio tende a permanecer. A bilheteria deve ser postergada. Depende do calendário. O Estadual vai ter perda de número, provavelmente, mas já paga muito pouco de cota. O (campeonato) nacional tem chance boa de não ser prejudicado. Os contratos de patrocínios são negociações que os clubes vão precisar estar avaliando caso a caso", explica.

Fernando levanta três fatores importantes no ambiente de crise para os clubes atuarem. Além dos contratos de patrocínios e de cotas da TV e o programa de sócio-torcedor, a situação do salário dos jogadores e demais funcionários precisa de atenção, tendo em vista que representa cerca de 60% das despesas.

"Aqui é o ponto central. A receita vai cair por algo que é alheio a sua vontade. Seria natural que todos dividissem um pouco essa conta, que os jogadores participassem também porque, afinal, as fontes de receitas serão afetadas. Por exemplo, medida do Governo que vai permitir o corte de salário pela metade vai atingir o futebol?", analisa.

 

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