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Contrato em risco
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Contrato em risco

| DIREITOS DE TV | Ceará, Fortaleza e mais seis clubes da Série A receberam comunicado da Turner e há possibilidade de rescisão contratual com a empresa norte-americana.
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Clássico-Rei disputado na Série A, em 2019 (Foto: JÚLIO CAESAR)
Foto: JÚLIO CAESAR Clássico-Rei disputado na Série A, em 2019

A Turner enviou uma carta aos oito clubes - entre eles Ceará e Fortaleza - com quem tem acordo até 2024 para a transmissão em TV fechada dos jogos do Campeonato Brasileiro. A partir daí, haverá uma série de negociações para o rompimento do contrato. Portanto, é provável que os clubes readquiram seus direitos e os repassem para a Globo. Foi a segunda vez que a empresa americana notificou os times. A primeira ocorreu em novembro do ano passado. Naquela ocasião, apenas o Athletico-PR se dispôs a responder.

Futebol do POVO de Casa desta segunda tratou do possível rompimento da Turner com clubes

Os dirigentes temem dar detalhes porque o teor do documento é confidencial, com multa quem quebrar a cláusula."Posso falar de tudo, menos desse assunto. Peço desculpas" disse o presidente do Fortaleza, Marcelo Paz. "A situação é bastante obscura nesse momento. Os clubes estão avaliando o que tudo isso significa. Mas não podemos entrar em detalhes. O documento da Turner é sigiloso. Tudo vai depender da vontade das partes", disse o presidente do Ceará, Robinson de Castro

Já o presidente do Santos, José Carlos Peres, abriu o jogo. "Os clubes estão perdendo muito dinheiro com a Turner e penso que ela também está perdendo dinheiro com o futebol brasileiro. Vamos ouvir e negociar. Penso que os lados estão querendo a rescisão", disse. A CBF já informou em outras ocasiões que ela não entra nessa discussão. Apenas faz a tabela das 38 rodadas do torneio.

Na carta, a Turner aponta para uma série de regras contratuais que os clubes estariam quebrando, principalmente no que diz respeito às transmissões dos seus jogos na TV aberta - os oito clubes assinaram com a empresa de Ted Turner para mostrar as partidas na TV fechada (Esporte Interativo, TNT e Space) e com a Globo para a TV convencional. Na guerra das transmissões, com jogos liberados para as praças, TVs abertas e fechadas, com horários mudados em função desses acordos, a Turner não estaria contente com seus números de audiência e faturamento. Nem mesmo com a atitude de seus parceiros do futebol brasileiro. A empresa acredita que os clubes não honraram seus compromissos e se dobraram a exigências da outra emissora.

De um lado há uma empresa americana cuja cultura, além de entreter, é ganhar dinheiro. Nenhum negócio se mantém de pé gastando mais do que se ganha. Esse pode ser o xis da questão para a Turner no Brasileirão. A empresa nega que esteja tirando o pé do futebol. Ela é dona, por exemplo, dos direitos da Liga dos Campeões. Na Argentina, divide o Nacional com a Fox Sports. No Chile, detém os direitos exclusivos de transmissão. Mas há um impasse inegável entre a empresas, seus objetivos e os clubes com quem tem contrato no Brasil.

Não seria demais supor que a empresa entende que os times quebraram regras do acordo, inviabilizando ganho e crescimento da companhia, de modo a abrir brechas para sanções previstas e até o rompimento do contrato, com ônus para os times. Se sentindo prejudicada, pode exercer o direito de ser ressarcida. É isso que os clubes temem e vão tratar de discutir a partir desta semana. Ninguém quer pagar ninguém.

O dinheiro desapareceu do futebol com o cancelamento das atividades, disputas e torneios por causa da pandemia do novo coronavírus. As empresas estão com dificuldades para honrar seus compromissos. A Globo, conforme noticiado, parou de pagar para os times que disputam os Estaduais.

Para os clubes, a quebra de contrato com a Turner não seria um desastre se eles conseguirem repassar os direitos para o SporTV imediatamente. No ano passado, estima-se que eles ganharam R$ 23 milhões cada um.

A discussão entre clubes e Turner ocorre em um momento péssimo do futebol brasileiro, em que todas equipes estão mais enfraquecidas por causa da paralisação dos torneios.

Tudo isso ajuda, mas não resolve o problema com a Turner. Se a empresa sair, os clubes ficarão órfãos, com seus direitos de transmissão menos valorizados. O Brasileirão estava marcado para começar no primeiro fim de semana de maio. Essa data será adiada em função do coronavírus. (Agência Estado)

 

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