A chegada do novo coronavírus mexeu com a vida de toda a população, que teve de se adaptar ao isolamento social e, consequentemente, ao trabalho dentro de casa. Contudo, nem todas as atividades profissionais podem ser adaptadas ao lar — como é o caso do futebol. Na realidade de maior escassez das meninas, a Covid-19 resultou em adiamento do sonho da retomada do Caucaia, impacto nas finanças do Fortaleza e mostrou a resiliência do projeto do Ceará.
Muito se falou sobre a falta que o esporte fez no início do isolamento social como opção de entretenimento. E se essa realidade já era complicada para a torcida fora de campo, torna-se um desafio para quem dele depende e teve, temporariamente, de pendurar as chuteiras. Foi assim para as jogadoras de Ceará e Fortaleza.
"Foi um período bastante complicado", desabafa Mariana, zagueira do Ceará, que temeu que a parada das atividades esportivas afetassem a realização dos torneios femininos — que não costumam ter prioridade nos orçamentos dos clubes ou no calendário de federações. "Ficar quatro ou cinco meses afastados, para uma atleta, é muito ruim. Sem contar que você precisa manter a mente tranquila e foi complicado não ter uma resposta sobre quando isso tudo ia acabar, quando retornaríamos ou se realmente retornaríamos".
Para Tháfila, volante do Fortaleza, a frustração do hiato por conta da pandemia foi ainda maior pelo fato de ter ocorrido às vésperas na estreia do time no Brasileirão Série A-2. “A parada foi muito inesperada pelo fato de estrearmos um dia antes. A gente entendeu, mas foi complicado aceitar, pois estávamos numa expectativa muito grande e focadas pela estreia”, falou a jogadora. O Ceará acabara de estrear, com goleada sobre o Oratório-PA.
Contudo, após seis meses, elas puderam calçar suas chuteiras novamente para treinar e já tem data marcada para entrar em campo pelo Campeonato Brasileiro A-2. As Leoas estreiam na disputa pelo Grupo B em 18 de outubro, diante do São Valério-TO. Uma semana depois é a vez das Alvinegras reestrearam pelo Grupo A contra o Tiradentes-PI, em partida válida pela segunda rodada. A equipe já havia disputado a estreia, quando goleou o Oratório-PI, antes da pandemia.
Nesse intervalo de tempo entre os jogos, entretanto, muita coisa mudou. Os investimentos nos esportes tiveram de ser alterados, contratos de patrocínio acabaram suspensos, afetando a modalidade feminina dos clubes do Estado. Enquanto Ceará e Fortaleza conseguiram manter seus planos, o Caucaia foi um dos grandes times que acabaram tendo que adiar suas ideias.
Federação estuda data para retorno de competições na modalidade
A Federação Cearense de Futebol (FCF), por meio de assessoria, informou que as competições que seriam realizadas neste ano serão mantidas. Em 2019, a entidade realizou estaduais nas categorias sub-20 e principal. O Ceará foi campeão em ambos.
A Federação estuda ainda datas para iniciar os torneios, bem como local onde serão realizados, já que o estádio Presidente Vargas, onde os jogos da modalidade foram realizados em 2019, não está apto para receber eventos esportivos até o fim da reforma, prevista para terminar até junho de 2021.