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Cenário relevante: Ceará e Fortaleza mostram força em negociações
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Cenário relevante: Ceará e Fortaleza mostram força em negociações

|EM ALTA| Respaldados por salários em dia e planejamento, Ceará e Fortaleza conseguem novo status em negociações com nomes importantes
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Vina renovou: retrato do bom momento financeiro do Ceará (Foto: Aurelio Alves)
Foto: Aurelio Alves Vina renovou: retrato do bom momento financeiro do Ceará

A ponte área Fortaleza-São Paulo, um almoço seguido por uma reunião de mais de quatro horas e uma foto do contrato assinado enviada por WhatsApp selaram a contratação de maior impacto e sucesso da história do futebol cearense. Antes da passagem de Rogério Ceni pelo Pici, outros nomes de relevância nacional e internacional já haviam atuado no esporte local, mas a presença de Ceará e Fortaleza na Série A modificou o status no mercado da bola.

Os tempos de orçamentos apertados e contratações aos montes muitas vezes faziam os clubes recorrerem a empréstimos de atletas ou jogadores oferecidos por empresários, geralmente em decisão monocrática — do presidente da agremiação, dono da caneta. A ascensão esportiva reforçou a necessidade de profissionalização dos departamentos de futebol e introdução das novas tecnologias para minimizar a margem de erro.

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Tanto Vovô quanto Tricolor contam com executivos de futebol — Jorge Macedo e Sérgio Papellin, respectivamente — e departamentos de análise de desempenho, que monitoram, observam e dissecam dados e informações de atletas dos mais diversos pontos do globo terrestre, com auxílio do softwares, para municiar os dirigentes da maior segurança possível ao selar uma contratação.

Em alguns casos, é possível unir bons números e repercussão. O interminável Magno Alves passou diversas vezes por Porangabuçu — e com muitos gols. Em 2019, após deixar o Vasco da Gama-RJ, Thiago Galhardo decidiu defender o Alvinegro e foi destaque no Campeonato Brasileiro. A decisão passou por um fator importante, citado pelo meia: organização financeira.

"E o salário em dia, por incrível que possa parecer, por ser uma coisa básica de gestão, é um diferencial no futebol. E é por conta disso que esses clubes, muitas vezes, acabam conseguindo vencer a concorrência para trazer jogadores que o mercado como um todo se interessa. Foi o que aconteceu quando o Fortaleza contratou David, quando o Ceará conseguiu renovar com Vina, quando o Bahia trouxe Rossi e por aí vai", explicou o ex-vice-presidente e ex-diretor executivo do Bahia, Pedro Henriques.

Para a temporada 2020, o Ceará mudou a postura e investiu mais de R$ 8 milhões em direitos econômicos de atletas. O mais caro foi o volante Charles, que teve 50% dos direitos adquiridos por R$ 3 milhões. A reboque, vieram nomes como Fernando Prass, Vina, Felipe Vizeu e Rafael Sobis, além do técnico Guto Ferreira. Grande destaque, o camisa 29 ampliou o vínculo até 2024.

Em 2021, o Vovô pretende dobrar a aposta no mercado da bola. Já desembarcaram no estádio Carlos de Alencar Pinto os atacantes Jael e Yony González e há acerto encaminhado com Stiven Mendoza. O olhar para as opções internacionais e jogadores estrangeiros passa o recado do patamar atual em mesas de negociação.

O Fortaleza deu o primeiro passo com a vinda de Rogério Ceni, em 2018, e conseguiu atrair outras figuras relevantes nos anos de Série A, com direito à contratação mais cara da história do futebol cearense (David). Ídolo tricolor, o atacante Osvaldo retornou o Pici após rodar o mundo. Na sequência — quase sempre convencidos por uma ligação do ex-treinador — chegaram Wellington Paulista, Paulão e David, por exemplo. Este último foi comprado por R$ 5 milhões e alterna entre altos e baixos.

Com os cofres abalados pelos efeitos da pandemia de Covid-19 e sem o fator Ceni, o Leão deve ter postura mais discreta na nova temporada, mas a imagem de gestão organizada e a valorização da marca do clubes pelos bons resultados nos últimos anos servem de incentivo.

"Os atletas hoje enxergam muita credibilidade na gestão dos clubes do Nordeste, então já é um destino superinteressante para os jogadores", ponderou o executivo de futebol Klaus Câmara, com passagens por Cruzeiro-MG, Sport-PE e Grêmio-RS.

"Existe um movimento hoje de profissionalização de gestão nos grandes clubes e temos visto clubes iniciando grandes projetos. Acredito muito que o crescimento do futebol nordestino se dá exatamente em virtude de qualificação profissional em todas as áreas de atuação, um projeto técnico bem desenvolvido, uma gestão de qualidade, com austeridade, responsabilidade financeira e orçamentária", completa.

 

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