O chamado time titular do Fortaleza ainda não foi totalmente definido pelo técnico Enderson Moreira, mas algumas peças já dão sinal de que devem se fixar entre os 11.
É o caso de Éderson. De oito partidas do Tricolor na temporada, o volante participou de seis, cinco delas como titular. Ele acumulou 483 minutos jogados pelo clube, sendo o homem de contenção com mais tempo de atuação nesta temporada. E olha que quando chegou ao Fortaleza, ele tratou logo de avisar para a comissão técnica que não estava na melhor condição física.
"Na minha estreia, cheguei a comentar com ele (Enderson Moreira) que não sabia se ia aguentar o jogo todo, avisei que iria (jogar 90 minutos), mas não voltaria da mesma maneira. Só que no primeiro (jogo) consegui jogar 90 minutos, no segundo também e acho que isso foi facilitando para ele estar contando mais comigo. Talvez pela alta intensidade e por estar conseguindo manter os 90 minutos”, disse Éderson, em entrevista exclusiva ao O POVO em videconferência.
O volante acredita que sua capacidade de recuperação rápida, típica de quem possui apenas 21 anos, também tem o favorecido no número de oportunidades. Aliás, quando faltou espaço no meio, ele atuou também na lateral-direita, mesmo sem nunca ter jogado na posição anteriormente. "O Enderson conversou comigo e com Pablo, falou que precisava da nossa ajuda e perguntou quem faria. Nos disponibilizamos para fazer a lateral e aí ele alternou, mas sempre conversando com a gente. É uma função que eu nunca tinha feito, então foi mais na base da conversa e sentindo (pegando o jeito) durante os treinamentos", confessa. Ele acredita, porém, que o improviso não deve acontecer mais, já que o clube tem três jogadores para a lateral direita (Tinga, Daniel Guedes e Pikachu).
Arriscar-se na improvisação sem experiência foi uma decisão de quem sabia o quanto era importante ter sequência. "Fiquei um tempinho sem jogar (no Corinthians-SP) e só assim que vou voltar ao nível que estava jogando, de aparecer na frente, desarmar, interceptar, (participar das) disputas aéreas, isso só vai acontecer com uma sequência de jogo. Com essa de agora, estou me sentindo melhor, tanto é que fiz o gol e a confiança melhora a cada semana", garante.
O gol marcado contra o 4 de Julho-PI pela Copa do Nordeste foi o sexto da carreira profissional dele, mas o primeiro de cabeça. A especialidade do volante, no entanto, é o chute de fora da área. Foi assim no Corinthians, por três vezes, ano passado, e outra em 2019, pelo Cruzeiro-MG. “Eu tenho essa facilidade de chutar de longa distância, de frente pro gol. Com certeza as oportunidades vão aparecer (pelo Fortaleza) e espero colocar um pouquinho mais da minha cara”, disse.
A disputa por posição no meio do campo, segundo Éderson, é a mais saudável possível. O rodízio que Enderson Moreira vem promovendo dá até mote para algumas brincadeiras entre jogadores da posição quanto a perder vaga no time. O volante garante, porém, que a briga por espaço faz um ajudar o outro a crescer.
Adaptado ao clima de Fortaleza, Éderson diz que o foco agora é se adequar totalmente às ideias do técnico. “O pessoal já comprou a ideia (do Enderson) e a gente está tentando entender e se encaixar. Também tem a questão do entrosamento. Eu acabei de chegar, como vou saber onde o Wellington Paulista quer o passe, o movimento que ele vai fazer? A gente vem tentando entrosar o mais rápido possível, mas estamos tentando fazer isso em meio aos jogos, porque a gente não tá tendo muitas oportunidades de estar treinando", explica.
Apesar de afirmar que não tem visto muita coisa sobre o assunto, o jogador defende o treinador das críticas sofridas. "Não vejo que essa pressão é necessária em cima do Enderson porque ele vem fazendo o trabalho dele, todo mundo vem comprando a ideia e os resultados estão aí. Claro que ainda falta um pouco mais de qualidade dos jogadores, de a gente propor o jogo, mas isso é questão de tempo", defende.
