A Alemanha repetiu o fiasco da Copa do Mundo da Rússia-2018 e foi eliminada do Mundial do Catar também na fase de grupos, apesar de ter vencido a Costa Rica por 4 a 2, ontem, no estádio Al Bayt, em Al Khor. A vitória dos tetracampeões foi insuficiente devido ao triunfo do Japão por 2 a 1 contra a Espanha, de virada, na outra partida da chave E.
Em uma partida com um segundo tempo alucinante, os gols alemães foram marcados por Gnabry, Kai Havertz (duas vezes) e Füllkrug. A Costa Rica chegou a virar o placar por meio de Yeltsin Tejeda e Juan Pablo Vargas.
A Alemanha terminou a fase de grupos em terceiro lugar, com quatro pontos, os mesmos da vice-líder Espanha, mas com um saldo inferior ao dos espanhóis. O Japão acabou em primeiro, com seis pontos, e a Costa Rica em último, com três.
O jogo foi marcado por outro fato histórico. Foi arbitrado pela francesa Stéphanie Frappart, a primeira mulher a apitar um duelo numa Copa do Mundo masculina. Ela ainda contou com duas auxiliares mulheres: a brasileira Neuza Back e a mexicana Karen Díaz Medina.
Outro registro na história dos Mundiais ocorrido ontem foi o do veterano alemão Manuel Neuer, de 36 anos, que se tornou o goleiro com mais jogos disputados no torneio (19). Campeão mundial na Copa do Brasil-2014, Neuer superou o compatriota Sepp Maier, vencedor em 1974, e o brasileiro Cláudio Taffarel, coroado em 1994, nos Estados Unidos, que disputaram 18 partidas cada.
Em campo, o atacante Leroy Sané, recuperado de uma lesão, foi a novidade no time titular em um time em que Hansi Flick fez três alterações nas linhas, buscando mais ofensividade. O atacante do Bayern de Munique entrou no lugar do lateral-direito Thilo Kehrer. Joshua Kimmich, que jogou no meio-campo contra os espanhóis, foi recuado para a lateral-direita e Jamal Musiala entrou mais centralizado, com Gnabry e Sané pelas pontas.
Já o técnico da Costa Rica Luis, Fernando Suárez, fez três alterações em relação à última vitória, por 1 a 0 sobre o Japão. Na defesa, Juan Pablo Vargas substituiu o suspenso Francisco Calvo; no meio-campo, Brandon Aguilera entrou no lugar de Gerson Torres; e no comando do ataque, o treinador deu uma chance ao veterano Johan Venegas.
Nas arquibancadas havia um certo equilíbrio entre as duas torcidas, que não compareceram em peso e contaram com a presença de torcedores de outras nacionalidades, totalizando um público de 67.054 espectadores.
Logo no primeiro minuto, Musiala saiu da esquerda e foi limpando até a entrada da área, de onde disparou o chute para a boa defesa de Keylor Navas, que mandou para escanteio. Dois minutos depois foi a vez de Gnabry penetrar na área e assustar a defesa costarriquenha com um chute à queima-roupa, outra vez defendido. Mas ele estava impedido quando recebeu o cruzamento.
Aos 7 minutos, Kimmich cruzou e Muller tentou de peixinho, mas a bola foi para fora. O gol alemão parecia questão de tempo. E foi o que aconteceu. David Raum avançou pela ponta em velocidade e fez o cruzamento para Serge Gnabry desviar de cabeça para o fundo das redes de Navas. Aos 13, Müller cruzou da direita na área buscando Gotezka, que tentou de cabeça, mas Navas defendeu outra vez.
Com a vantagem no placar, a Alemanha começou a jogar mais solta, tocando a bola e não se fechou atrás. Ao contrário, seguiu buscando mais gols. Já a Costa Rica não conseguia chegar perto da área alemã, mesmo empurrada por sua torcida. Aos 19 minutos, a Alemanha voltou a infernizar a defesa dos Ticos, desta vez com um chute de Gnabry, que foi desviado para escanteio.
Em outro lance, Kimmich soltou a bomba, e Navas defendeu, mas a bola escapou. Logo em seguida, o goleiro mergulhou e conseguiu segurar. Só aos 41 minutos veio a primeira chance da Costa Rica: em um vacilo da defesa alemã, Keysher Fuller entrou em velocidade no contra-ataque, driblou e soltou o disparo. Mas Neuer conseguiu desviar para cima do travessão.
O segundo tempo foi jogado em ritmo alucinante, com gols e reviravoltas no placar. Aos 7 minutos, Musiala voltou a penetrar pela esquerda, cruzou para a área, mas a defesa da Costa Rica afastou. E então veio o primeiro momento inesperado: após um passe errado da Alemanha, a bola ficou com a Costa Rica. Kendall Waston recebeu um cruzamento na área e arriscou. Manuel Neuer defendeu, mas Tejeda aproveitou o rebote e mandou para o fundo das redes.
Com a classificação ameaçada, a Alemanha respondeu rápido. Musiala penetrou pela esquerda e chutou cruzado na trave. Ele ainda tentou aproveitar a sobra, mas mandou para fora. Buscando gols a todo custo, Flick colocou Füllkrug, autor do gol da Alemanha no empate contra a Espanha, e depois colocaria Mario Götze, autor do gol do título na Copa de 2014. Musiala voltou a assustar com outra bomba e novamente acertou a trave, para o desespero dos jogadores e torcedores alemães.
E o que parecia impossível aconteceu. Em uma confusão na área da Alemanha, o zagueiro Vargas apareceu e empurrou para o fundo das redes, virando o placar. A Costa Rica estava virtualmente classificada para as oitavas, até que a Alemanha empatou com um passe de calcanhar de Füllkrug para Kai Havertz marcar.
O próprio atacante do Chelsea fez 3 a 2 aos 40 minutos, finalizando uma assistência vindo da direita, de Gnabry. A Alemanha ainda fez 4 a 2 por meio de Füllkrug, mas precisava que a Espanha empatasse com o Japão. O gol da Roja não veio, e os alemães sofreram mais uma imensa desilusão quatro anos após o fracasso na Rússia, na primeira fase.
Costa Rica
5-3-2: Navas; Fuller, Óscar Duarte, Kendall Waston, Vargas e Bryan Oviedo (Contreras); Celso Borges, Yeltsin Tejeda (Roan Wilson) e Aguilera (Salas); Campbell e Venegas. Téc: Luis Fernando Suarez Guzman
Alemanha
4-5-1: Neuer; Kimmich, Süle (Ginter), Rudiger e Raum (Gotze); Gundogan (Fullkrug), Goretzka (Klostermann), Gnabry, Musiala e Sané; Thomas Müller (Havertz). Téc: Hansi Flick
Local: Estádio Al Bayt, em Al Khor-CAT
Data: 1º/12/2022
Árbitro: Stéphanie Frappart-FRA
Assistentes: Neuza Back-BRA e Karen Diaz Medina-MEX
VAR: Drew Fischer-CAN
Cartão amarelo: Óscar Duarte (CRC)
Gols: Gnabry, aos 9 do 2T, Havertz, aos 27 do 2T e aos 39 do 2T, e Fullkrug, aos 43 do 2T (Alemanha); Tejeda, aos 12 do 2T, e Vargas, aos 24 do 2T (Costa Rica)