CRISE. Os 25 meses de Jair Bolsonaro no poder foram permeados desde o início por dois fatores. O primeiro é a turbulência provocada por ele próprio e por seus seguidores. Seja por declarações que tumultuam o ambiente político-institucional, seja por ações de gestão para lá de questionáveis.
O segundo ponto é, em parte, consequência do primeiro. Desde que ele chegou ao Palácio do Planalto, não faltaram opositores que o querem fora de lá. Na gaveta do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, repousam mais de 60 pedidos de impeachment. A grande parte deles protocolada após março de 2020, ou seja, relacionada à condução de Bolsonaro durante a pandemia da Covid-19.
Os números - mais de 215 mil mortes - escancaram os erros do governo federal durante a crise sanitária. O desdém à ciência, a propaganda antivacina, o estímulo a aglomerações e a tentativa de empurrar remédios ineficazes goela abaixo do povo são algumas das assinaturas de Bolsonaro na pandemia.
A crise em Manaus e o início da vacinação pesaram para que a popularidade derretesse. Bolsonaro é o único líder mundial que saiu politicamente derrotado do início da imunização. Na última semana, o tom subiu e nunca se falou tanto em impeachment deste governo.
A queda da aprovação aliada à economia claudicante e uma possível crise social com o fim do auxílio emergencial começam a desenhar o cenário para o impedimento presidencial. Faltaria o contexto político. Portanto, a eleição para a presidência da Câmara daqui a oito dias, contrapondo Baleia Rossi (apoiado por Maia) e Arthur Lira (candidato de Bolsonaro) será determinante para o futuro do ocupante do Planalto.