ISOLAMENTO A última semana não foi leve. A que se inicia também não deverá ser. No reboque de mais de 400 mil casos confirmados de Covid-19 no Ceará, da alta de óbitos em Fortaleza, da ocupação de leitos beirando os 100%, de mais de 70 casos suspeitos de reinfecção identificados, do estoque de vacinas chegando ao fim... um decreto que estabeleceu mais restrições sobre isolamento social, a medida talvez mais importante para conter a disseminação do vírus- além do uso de máscara, claro. É a sensação de replay. Há pouco menos de um ano, outro decreto também nos pegava de surpresa, tirava a liberdade do ir e vir, distanciava famílias, falia negócios, desempregava pessoas. De lá para cá, foram tantos decretos e tantas repercussões.
Quem circula por Fortaleza já viu os vários outdoors de empresários do ramo alimentício que afirmam ser o Governo o causador da fome no setor. Pais e educadores se aglomeraram nas ruas contra a suspensão das aulas presenciais por 10 dias. De última hora, templos religiosos viraram serviço essencial. E as perguntas se acumulam, quase que sucumbindo os tantos números que uma doença consegue gerar. Porque se nos grupos de whats app discutimos e questionamos as atitudes da gestão pública, muitas vezes esquecemos de ouvir as histórias de quem perdeu alguém de forma precoce ou precisou deixar os filhos sozinhos em casa e se internar com 50% do pulmão comprometido. Sem saber como seria o amanhã.
Muitas tensões se acumulam e não é para menos. No mundo inteiro não é diferente. Na verdade, em muitos países, houve fechamento completo de tudo que não fosse essencial por duas, três vezes. Há polícia na rua mandando as pessoas voltarem para casa. Não tem outra saída, isso é claro. As diferenças existem nas formas como os governos lidam, com que gana buscam vacinar sua população e com que perspectiva a sociedade entende o coletivo. Mas no lugar do consenso de que todo mundo deveria viver, fica o não dito do abre-fecha das instituições e suas tensões.